Publicado no jornal A Gazeta, de Vitória-ES, o ensaio "De dentro para fora", idealizado pelo fotografo Carlos Alberto Silva, buscou captar todas as mudanças trazidas pela pandemia. Sendo assim, através das suas lentes, o profissional foi capaz de registrar a dura rotina causada pelo confinamento, assim como o esforço das pessoas que precisaram deixar a segurança dos seus lares para se arriscarem no ambiente de perigo que se tornaram as ruas.
Para representar a melancolia trazida pelo coronavírus, parte do ensaio foi feito em preto e branco. Diante disso, atividades comuns, como assistir televisão ou utilizar um computador, ganharam um novo aspecto, já que passaram a ser feitas dentro da "prisão" causada pela quarentena.
Além disso, o fotógrafo também clicou momentos com cores. Do seu apartamento, personagens anônimos, que representaram praticamente toda a população mundial, protagonizaram momentos individuais e coletivos sobre o processo de adaptação ao "novo normal".
O destaque fica por conta do registro, em forma de quadro, algo que se repetiu durante o ensaio, de um cachorro confinado no apartamento dos seus donos, encarando uma realidade em que as tradicionais saídas se tornaram parte do passado.
"Meu vizinho cão parece olhar pra onde eu gostaria de estar: a rua", descreveu o fotógrafo.
Como Carlos Alberto Silva utilizou sua própria vizinhança, seu trabalho se tornou único e ao mesmo tempo ilustrou a situação de milhões de pessoas. O tom de sacrifício foi representado através do enquadramento em algumas fotos, já que as telas dos apartamentos foram mostradas, em algumas imagens, como se fossem a cela de uma prisão.
Apesar de não ter trazido situações em hospitais, onde pessoas lutam pela vida, o ensaio também representou, com maestria, que a situação crítica também foi vivida no cotidiano.
Apresentadas em sequência, as 29 fotos acabam se interligando, colocando cada personagem em evidência no contexto da pandemia. Vale destacar que as pessoas que estiveram presentes no trabalho aparecem de forma totalmente espontânea, deixando claro que a maior parte das situações não foi montada pelo fotógrafo, que apenas observou o cenário para realizar seus registros.
Por motivos óbvios, algumas imagens foram tiradas à distância, algo que realçou o tom coletivo da fotorreportagem. Portanto, cada indivíduo envolvido possui sua história, seu fardo, sua forma de lidar com a pandemia. Cada detalhe caracteriza um cenário caótico, mas sem estar em uma guerra, por exemplo. A luta diária pela sobrevivência, contra um indivíduo invisível, deixará rastros e registros para toda eternidade, assim como o trabalho em questão.
O trabalho completo pode ser conferido no LINK.
FICHA TÉCNICA:
Texto: Bruno Romão e Rubens Melo
Fotos: Carlos Alberto Silva - A Gazeta
Supervisão Editorial: Rostand Melo
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