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  • Por: Laysa Mayara, Bruna Mirelly e Hallana Barbosa

Prazer, Consolat Kpakpo: Vindo da África para estudar na UFCG



Foto: Laysa Mayara


Apresento a vocês: Consolat Mensah Gael Kpakpo, mais conhecido como Consolat Kpakpo, difícil a pronúncia né? Ele é africano, e veio mais especificamente da cidade de Cotonou, em Benin. Tem 26 anos, estuda atualmente na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), e está no quarto período da sua graduação em administração.


Para ele, o Brasil é um país maravilhoso, “onde tem vida boa, tranquilo mesmo”, como define Kpakpo. Agora, vocês devem esta se perguntando como ele veio parar aqui no Brasil. Pois bem, Consolat veio através de um programa do Ministério da Educação (MEC) chamado ‘’Programa de estudantes-Convênio de Graduação" (PEC-G).


O PEC-G é um programa do MEC em parceria com países em desenvolvimento que mantém acordos educacionais e culturais com o Brasil. Esse programa oferece oportunidades de formação superior a cidadãos desses países. Atualmente, 60 países estão conveniados ao programa, sendo 26 do continente africano, 25 da América Latina e nove da Ásia.


A meta de Consolat sempre estudar administração. ‘’Eu queria administração, só que eu tentei lá no meu país, e eu queria muito passar, só que eu não conseguia. Tipo, é pouca vaga, para mais de mil pessoas”, revela. E a partir disso, ele fez a prova de seleção para fazer a graduação aqui no Brasil e foi selecionado.


Os escolhidos precisam passar por um processo de imersão na língua e na cultura portuguesa durante seis meses, para poder realizar uma prova chamada CELP-BRAS, que é um certificado de proficiência em língua portuguesa, os alunos só podem continuar no Brasil se tiverem um bom rendimento nesta prova.


Os selecionados devem escolher três estados do Brasil. As opções de Consolat foram Paraíba, Pernambuco e São Paulo. Apesar de nunca ter ouvido falar na Paraíba, ele conta que pensou “vamos ver o que é Paraíba, vamos ver”.

Foto: Bruna Mirelly

Consolat disse que já tinha vontade de conhecer o Brasil por conta de um desenho que assistia quando criança, onde retratava o futebol Brasileiro e um dos personagens representava o jogador de futebol de areia Benjamim, e ele se perguntava “Quem é esse Benjamim?!”. Aproveitando essa afirmação, perguntamos se ele gostava de futebol, ele disse “Futebol?Quem não gosta né?!”, ele também falou que amou as praias brasileiras, com sorrisos ele disse “já fui, adoro”.


Apesar de achar o Brasil um país maravilhoso, ele destacou dois pontos negativos, o primeiro, foi a questão dos assaltos, ‘’Esse lado é ruim, assalto, eu nunca tinha visto isso lá’’, o segundo, em relação ao racismo, respirando fundo ele falou: ‘’ Sempre deixo passar, somos iguais, é só uma cor, isso é besteira’’.


RACISMO

Ele ainda nos disse que passou por uma situação de racismo dentro da própria universidade e até nos ônibus de Campina Grande. E foi nesse momento da entrevista que nos seguramos, por um momento, não sabemos explicar, mas sentimos a dor sabe? De quem convive com o preconceito todos os dias. Nós o admiramos ainda mais nesse momento, foi quando pudemos perceber a grandeza e a evolução de um ser humano, a forma como ele lida com isso. Não é fácil, mas ele faz parecer.


Foto: Laysa Mayara



CULTURA

Perguntamos a ele se a cultura daqui era parecida com a da África e de imediato ele disse que não. ‘’ O jeito de vestir das mulheres, de todos se vestir é diferente, tem muitas coisas diferentes. Já as comidas são parecidas, são arroz, feijão, só o cuscuz que é diferente’’. Consolat, diz que não troca a cultura de lá por nada, e que a mesma forma que ele se vestia lá, ele se veste aqui.


Ainda nos contou que sente falta das comidas típicas da África, principalmente as que sua mãe cozinhava. E aí, entramos no quesito ‘’saudade’’. ‘’A gente vive com a saudade, fazer o que, a gente se acostuma’’, confessa. Ele sempre se comunica com a sua família, porém, no seu país, a internet não é tão acessível como aqui no Brasil, lá, o custo é bem mais alto, a conexão é difícil, mas eles sempre dão um jeitinho para se falar.


Foto de arquivo pessoal.

E por falar em família, Durante a entrevista ele estava usando dois anéis em sua mão esquerda, na hora das fotos, pedimos que ele mostrasse os anéis, mas ele se recusou, colocando a mão no bolso da calça. Não insistimos, mas, nós, jornalistas curiosas, questionamos se os anéis eram de compromisso e foi aí que ele nos contou que um representava a sua mãe e o outro seu pai.


De acordo com Consolat, ele teve certa dificuldade em relação a comunicação no início. “Por que eu não sabia falar bom dia antes de sair de lá para cá, no início para mim era horrível. Não podia comprar, não podia interagir com as pessoas, então era muito complicado para mim, mas fora disso você vai se acostumando, conhecendo como as coisas funcionam nesse país, e pega o jeito. ”

Questionado sobre as mulheres brasileiras ele falou que "são muito diferentes das de lá, em relação ao costume, o jeito de se expressar, lá, as coisas não são assim, aqui, se a mulher brasileira gosta de um homem ela chega até você normal, mas lá, você não pode fazer assim não’’.


Perguntamos se as mulheres de lá eram reprimidas, ‘’ Não são, é uma coisa de costume, cultura sabe? mulher não pode chegar, é um pouco feio, entende?’’ Consolat já namorou garotas brasileiras, ele nos disse que elas são de boa com ele, ‘’Essa experiência de namorar com uma brasileira é boa, mas há uma diferença entre o meu mundo e o mundo dela’’.

Foto: Hallana Barbosa

‘’O Brasil me ajudou. Está me ajudando na minha formação, fico grato’’


Essa experiência agregou muito na sua vida e lhe ajudou a crescer e ser mais independente. Destemido, ele já pensa em fazer mestrado aqui no Brasil ou no Canadá quando concluir a sua graduação. E tem planos para voltar ao seu país, entretanto, apenas para passear e rever a sua família.


Ficha Técnica

Reportagem e fotografia: Laysa Mayara, Bruna Mirelly e Hallana Barbosa

Supervisão editorial: Rostand Melo

Locação: UFCG

Agradecimentos: Professora Juliana, Artur Tavares e Jessica Hellen.



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