Memória Fotográfica: Exposição une história, arte e representatividade
- coletivof8noite
- há 8 minutos
- 4 min de leitura

No dia 24 de setembro, Juripiranga, transição entre Litoral e Agreste, viveu um momento marcante com a realização da primeira exposição fotográfica da cidade: “Memória Fotográfica”, de João Paulo Lima. Fotógrafo, produtor cultural e cineasta há doze anos, João Paulo é graduado em Fotografia pela Universidade Cruzeiro do Sul e estudante de Jornalismo na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
Atuou no Programa Mais Cultura nas Escolas, participou de produções cinematográficas como Ilha (Dir. Ismael Moura), Som do Aboio (Dir. Adriano Roberto) e Habeas Pinho (Dir. Nathan Cirino e Aluísio Guimarães) e recentemente nos Longa metragens “Cajueiro” (Dir. Erik Medeiros), “Vagalumes no escuro” (Dir. Tiago A. Neves) e “Almeidinha” (Dir. Gustavo Guedes e Júlio Castro), todos em fase de Pós-produção, além de coordenar o Festival Cine Paraíso de Juripiranga, enaltecendo o cinema regional e nacional.
Realizada no Salão Paroquial, a obra reuniu 30 quadros que revelam as histórias e memórias de cinco personagens: Maria do Carmo da Silva (Dona Mô), Josefa de Paiva Lima (Dona Zezé), Luzia de Paiva Santos (Dona Luiza), Expedito Francisco Gonçalves (Seu Expedido) e José Rodrigues de Lima (Dean). Apesar de suas singularidades, cada um deles é protagonista em sua comunidade, carregando consigo força, identidade, tradições e lembranças, compartilhadas pelo olhar sensível do fotógrafo.

A exposição é um convite a mergulhar na saudade e na solidão de Dona Zezé, nas lutas individuais e coletivas pela posse de terras de Seu Expedido, na paixão persistente que Dean guarda mesmo à distância, nas tradições que Dona Mô mantém vivas ao longo do tempo e na autonomia de Dona Luzia, para quem o trabalho da roça nunca foi estranho.
“Esse é um sonho antigo. Eu idealizo esse projeto desde 2021. Hoje me sinto feliz, aliviado e realizado”, conta João Paulo.
Para ele, o desafio era fotografar o passado através do presente, registrando objetos e lugares que despertam lembranças. Um exemplo é a fotografia de um simples poste de energia em Alagamar que, para muitos, poderia passar despercebido, mas que guarda uma memória pessoal e coletiva: a luta de Seu Expedido ao liderar o movimento de conquista da eletricidade para a sua comunidade.

Diante das fotografias, dona Luzia, residente da Comunidade do Quilombo do Matão, expressa sua emoção ao ver sua memória e trajetória exaltadas: “Eu fico muito grata em ter conhecido essa pessoa maravilhosa e juntos termos feito esse trabalho, me sinto muito feliz. As fotos são lindas, maravilhosas, sou eu mesma, é minha origem, tem minha identidade!”
Dona Zezé, mãe do fotógrafo, também declara sua alegria ao ver o projeto concretizado. Para ela, as imagens capturadas no seu presente funcionam como portais para revisitar o seu passado: “Estou muito feliz por essa linda homenagem que meu filho fez, é um sonho que ele está lutando para realizar há muito tempo. As fotos ficaram maravilhosas, eu vejo e fico lembrando o tempo da minha infância, como por exemplo: a casa onde eu nasci na Usina Olho D’água, a casa de farinha que ficava encostadinha a minha, a casa grande do administrador. Memórias muito gratificantes.”

Durante três dias, a exposição esteve aberta ao público em Juripiranga. Além de familiares, amigos e moradores da comunidade, turmas de escolas da rede Pública de Ensino, como a Escola Salvino João Pereira, Demétrio Tolêdo e Teonas da Cunha Cavalcanti, também estiveram presentes para prestigiar o seu trabalho, permitindo que os jovens vivessem a experiência.
“Ainda não consigo processar tudo o que foi e o que está sendo essa exposição, mas os relatos recebidos já fizeram valer todo o esforço. Se a arte não tiver o poder de tocar alguém, ela perde o sentido. Diante disso, afirmo sem a menor sombra de dúvida, eu me sinto realizado!”, declarou o fotógrafo.
A sensibilidade retratada nas fotografias emocionaram as pessoas da comunidade, para o professor e cidadão juripiranguense Junior Machado, a exposição é motivo de orgulho para a cidade: “Fico muito orgulhoso com um projeto e evento desse porte. Como amante da arte, fico muito feliz pela iniciativa e pela ousadia de João Paulo em realizar e se lançar no mundo das artes dessa forma. A cidade só tem a ganhar e crescer artisticamente. Parabéns a João Paulo e toda equipe”
Em breve, a exposição será apresentada em outras regiões, para que mais pessoas possam se encantar e se encontrar nas histórias retratadas. São memórias de um tempo que já se foi, mas que permanecem vivas nos corações desses personagens e, agora, também estão guardadas nas nossas lembranças. Ao contar a história dessas pessoas, João Paulo também escreve mais uma parte da sua própria trajetória e reforça seu compromisso com a cultura local.
Confira a emoção do público no slide show com as fotografias de Nazário Bezerra e Rafael Soares:
EXPEDIENTE
Reportagem: Marcele Saraiva e Andrei Oliveira
Fotografia: Rafael Soares e Nazário Bezerra
Supervisão Editorial: Rostand Melo























Comentários