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Julia Laís, Maria Eduarda, Pedro Vinicius e Rayanne Silva

Entre a Adolescência e a Maternidade: taxa de gravidez precoce é de 14% no Brasil

Atualizado: 11 de dez. de 2024



A gravidez na adolescência continua sendo um desafio de saúde pública em muitos países. No Brasil, embora os números tenham apresentado leve redução nos últimos anos, o assunto ainda exige atenção. Desde 2019, o número de mães na adolescência, com idades entre 10 e 19 anos, diminuiu em média 18%. É o que aponta levantamento do Sistema de Informações de Nascidos Vivos, do Governo Federal.


Os casos registrados em 2018 foram de 456,1 mil, enquanto em 2020 foram registradas 380,7 mil gestações, isso representou 14% de todos os nascimentos daquele ano. No entanto, mesmo com a queda, o número continua alto. Com a atual taxa de 14% de gravidez entre meninas de 10 a 19 anos, o Brasil está entre os que mais têm prevalência de casos na América Latina. Um em cada sete bebês brasileiros é filho de uma mãe adolescente. É importante ressaltar que essa taxa varia entre as diferentes regiões e grupos sociais.



No Nordeste, o impacto desta realidade é ainda mais preocupante. Estima-se que na região, mais de 40% das adolescentes que engravidam abandonam a escola, o que compromete o futuro educacional e profissional dessas jovens. Em estados como Maranhão, Piauí e Alagoas, a situação é ainda mais crítica, com taxas de gravidez precoce que chegam a ser quase o dobro das registradas em regiões mais desenvolvidas do país, de acordo com relatório Estudos do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS), de 2022.


Causas e Consequências


A ausência de informações claras e precisas sobre sexualidade, métodos contraceptivos e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) contribui para a adolescência vulnerável.


“Eu não tive absolutamente nenhum tipo de educação sexual, nem na escola e nem em casa. Em ambos os lugares esse assunto é considerado um tabu gigantesco”, Thainá, mãe aos 17 anos.



Outros fatores como violência sexual, influência de amigos e da mídia, podem levar os adolescentes a iniciar a vida sexual mais cedo. Famílias com histórico de gravidez na adolescência, com má comunicação ou com pais ausentes também podem contribuir com essa realidade.


As consequências para a jovem mãe e seu bebê, incluem maior chance de parto prematuro, anemia, pré-eclâmpsia (complicação potencialmente perigosa, caracterizada por pressão arterial elevada), infecções e até morte materna e infantil. Vale ressaltar ainda os impactos sociais, como evasão escolar, dificuldade em encontrar emprego e exclusão social; já no desenvolvimento psicológico, é possível uma maior probabilidade de depressão, ansiedade e dificuldades para lidar com as responsabilidades da maternidade.


Rede de apoio


A pesquisa de Roseli Aparecida Godinho em parceria com outros pesquisadores, de 2000, evidenciou que a maioria das adolescentes grávidas contam com apoio familiar, principalmente dos pais, durante a gestação e após o nascimento do bebê. Estudo semelhante da pesquisadora Tatiana Lima, de 2004, confirmou o papel fundamental de mães e avós, que, mesmo inicialmente relutantes, acabavam prestando suporte emocional e prático.


Relatos pessoais reforçam essa importância. Jany, mãe aos 14 anos, destaca: "Minha mãe e minha avó foram meu principal suporte. Sem o apoio delas, seria muito mais difícil lidar com todos os desafios de ser mãe tão jovem. Elas foram meu alicerce em cada momento."

Adolescentes grávidas enfrentam, além dos desafios emocionais e físicos, uma série de estigmas e preconceitos.


A gravidez, nesta etapa da vida, é frequentemente interpretada como um fracasso pessoal, o que gera conflitos familiares. No ambiente escolar, elas podem ser alvo de comentários ofensivos, piadas e bullying. O julgamento social é intenso, com rótulos que podem comprometer o bem-estar emocional das jovens.



Medidas preventivas


Uma abordagem assertiva sobre educação sexual nas escolas e comunidades ainda é a principal medida capaz de ajudar adolescentes a entenderem o funcionamento do corpo e a importância do uso de métodos contraceptivos.


“As estratégias educativas, informativas e diálogos abertos podem sim influenciarem no entendimento dos adolescentes sobre as consequências da gravidez precoce. A conscientização sobre tal assunto pode levar a caminho de mudanças no futuro de meninos e meninas”, enfatiza Roseli.



Também é importante que pais ou responsáveis conversem abertamente com os adolescentes sobre sexualidade e as responsabilidades que vem junto com a prática. Isso ajuda a criar confiança e um ambiente seguro para discutir dúvidas e medos. Explicar as consequências físicas, emocionais, sociais e econômicas de uma gravidez precoce pode ajudar os jovens a refletir sobre a importância de se prevenir.


Para avançarmos nesse debate, é importante promover campanhas de conscientização que abordem a maternidade na adolescência, com responsabilidade coletiva e direitos humanos. Ao criar um ambiente de acolhimento e apoio, investiremos não só na vida desses jovens, mas no futuro de uma geração que poderá crescer em um contexto de cuidado.


Foto: Maria Eduarda


Foto: Julia Lais


Foto: Rayanne Silva

Expediente

Supervisão Editorial: Ada Guedes e Rostand




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