Desafios enfrentados por pessoas transgenêro na busca por um emprego formal
- davyllasouza
- há 1 dia
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Conheça Notleh de Farias Henrique, graduada em Letras - Português pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

Notleh, nascida e criada em Campina Grande, acredita que o que é importante são as questões de desenvolvimento e sobrevivência do seu ser. Lidar com a forma que externaliza o que é, em como afeta as pessoas ao redor, sua família (tanto a de sangue como a de santo) e suas sobrinhas que são de extrema importância.
Seu desenvolvimento espiritual. Sua mãe Iemanjá. Sendo esses os elementos que considera de importância, as formas como essas questões a constroem e destroem, mas principalmente auxiliam e mantêm viva até aqui.
“Todos os dias haverão brincadeiras, cochichos, sussurros, apontamentos e dizeres, sempre haverá alguém que irá reconhecer em mim a "estranheza" e irá me falar de alguém que também é assim como eu "diferente, estranha"... Então, o reconhecimento da minha identidade de gênero é de extrema importância, pois isso fala antes mesmo que eu fale, antes mesmo que eu me expresse há a especulação…”
Apesar dos olhares e situações de constrangimento, Notleh se orgulha de ser quem é. Se orgulha de ser reconhecida no mundo, especialmente por outras pessoas trans, ela diz: “...E mesmo havendo todas as energias e colocações negativas, por outro lado eu amo o acolhimento e reconhecimento que recebo de várias outras pessoas. Desde a senhora que me vende picolé que me perguntou com delicadeza como eu queria ser chamada, ao senhor que um dia me pediu ajuda e disse ‘eu não sei dizer se você é homem ou mulher’ e, principalmente, de outras pessoas trans. É muito bom ser reconhecida e acolhida por outras pessoas trans.".

"Mas acredito que o reconhecimento mais importante parte de mim mesma, reconhecer as capacidades do meu ser, as possibilidades de construção do mesmo e como apesar dos pesares eu estou me tornando a Notleh que não apenas eu quero ser, mas que é possível eu ser."
é o que diz a atendente de call center sobre sua jornada de autoconhecimento.
”E quando chega alguém como eu, que no mínimo vou ser lida como uma bicha macumbeira. E quando, apenas no ato de entrega do currículo, ao conversarem comigo percebem que uso pronomes femininos, que minha identidade de gênero também é feminina e para além disso que eu não me coloco em um padrão de existência cisgênera é o fim para eles.”

“Imagine eu chegar na Secretaria de Educação de uma cidade do interior, como vivemos, onde a secretária que atende na porta me olha dos pés a cabeça, é uma senhora evangélica, na qual outras pessoas que detém o poder de escolha ali também são evangélicas (nada contra, mas isso por si só já determina várias concepções que serão feitas), me olham na sala de espera com as pernas cruzadas, cabelão enorme, sendo algo que elas não querem reconhecer como pessoa, como pertencente ao campo da Educação, quais serão as minhas chances?”
Notleh é exemplo de força de vontade, determinação e luta. É o reflexo da sociedade que merecemos ter. Notleh, lutamos por você e com você. Por uma sociedade diversa & inclusiva.
EXPEDIENTE
Fotografia e reportagem: Davylla Souza e Kathielly Farias
Monitoria: Hellen Mayara e Maria Clara Santos
Supervisão: Ada Guedes e Rostand Melo
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