"Quando eu era menino e vivia perambulando pelas estradas e sítios vizinhos atrás de uma televisão ligada, para entreter uma boca de noite ou ajudar a matar o tédio de um fim de semana"
Jurani Oliveira Clementino de 44 anos, cearense de Várzea Alegre. Filho de Dona Maria de Fátima Oliveira Clementino uma professora de ensino primário e de Seu Francisco Aldo Clementino, agricultor. É jornalista, professor universitário, escritor, poeta, cronista e especialista em comunicação e educação. Mestre em Desenvolvimento Regional pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
“Tio jura” - apelido carinhoso pelo qual os alunos o chamam nas salas de aula dos cursos de Jornalismo na UEPB e Publicidade e Propaganda na CESREI, em Campina Grande. Ensina de uma forma tão maravilhosa, que seria difícil não se encantar.
“Eu sempre gostei de ler”, relata Jurani a respeito da sua paixão por leitura. Seu primeiro contato com um livro infanto-juvenil do escritor Erico Verissimo “As Aventuras de Tibicuera” despertaram a vontade de escrever. “Eu queria escrever e também queria ser índio” diz Jurani. Tibicuera, era um índio que acompanhava todas as revoluções que aconteceram no Brasil, pois tinha uma mágica da tribo, e Tibicuera significava aquele que não morria, então ele vivia sempre. O primeiro contato com essa obra, despertou-lhe a vontade de escrever, relata Jurani.
Na escola, teve contato com as obras de grandes nomes da literatura brasileira, e se espelhou neles para começar a sua trajetória na escrita. Suas raízes sertanejas, memórias e vivências são inspirações para suas obras. Em Várzea Alegre, teve uma infância muito inocente e ingênua, segundo ele próprio. Cheia de brincadeiras, banhos de rio e brigas de menino.
Um menino que conhece a televisão assistindo na casa dos vizinhos em outro sitio, pois onde morava não tinha energia. A eletricidade só chegou no ano de 1996. "Então a minha infância foi com essas brincadeiras de menino da roça, fazendo essas traquinagens todas que esses meninos fazem no sitio, única tecnologia que tínhamos era o rádio", conta Jura.
Em 2001 veio para Campina Grande cursar o ensino superior e, desde então, reside na cidade. Foi em Campina que criou raízes, trouxe sonhos na mala e muita saudades de Várzea Alegre. Foi acolhido pela Rainha da Borborema e, aqui, continua escrevendo suas crônicas, e talvez expressando ainda mais suas emoções em seus escritos.
Sabe quando escutamos histórias e dizemos: a vida de fulano daria um livro? Foi isso que Jurani fez. Autor de sete livros, em suas histórias, grande parte delas são crônicas, na qual retrata as suas vivências, principalmente no sertão, lembranças transformadas em obras que te fariam sentir-se dentro delas.
Seu primeiro livro “Zé Clementino o ‘matuto’”, trata-se de uma biografia do compositor cearense "Zé Clementino", um primo distante, que teve muita importância na obra de Luiz Gonzaga, lançado em 2013.
Cronista por excelência, mas sem confiança para expor seu trabalho. Foi somente em 2017, quando ganhou o Concurso Nacional de Crônicas, pela livraria Cultura, que decidiu, então, reunir algumas de suas crônicas e as lançou em formato de livro, nascendo assim seu segundo livro “Forró no Sítio”. O terceiro livro “Memórias sertanejas: tardes, calçadas, redes e alpendres”, uma coleção que conta com 84 crônicas com experiências sentidas e vividas em espaços urbanos e rurais, lançado em 2019.
Jurani também também publicou em 2019 a biografia "Zé Clementino – o “matuto” que devolveu o trono ao rei" e o livro "Fazendo a Festa – A sociabilidade dos varzealegrenses em São Paulo e no Ceará", fruto da pesquisa de doutorado em Ciências Sociais pela UFCG. As duas obras foram lançadas pela EDUEPB.
Já em 2023 lançou mais dois livros de crônicas: "Veredas e fantasmas", vencedor do prêmio José Lins do Rêgo 2023 (na categoria crônica) e "Meus quintais", sua obra mais recente.
Jurani, assume uma coluna na Rádio Cultura de Várzea Alegre há seis anos, divulgando semanalmente uma crônica, em formato de áudio. Em suas contas, já são mais de 300 crônicas publicadas. O que faz sentir-se mais próximo da sua cidade natal. Além de transcrever suas memórias, ele também dá voz àqueles que muitas das vezes não têm oportunidade para expressá-las.
O menino que veio do interior do Ceará, cheio de sonhos, saudades e vontade de aprender, recebendo apoio de sua professora Cida Albuquerque, que o inscreveu no vestibular e lhe deu abrigo no período de provas, e por muitos outros anos. A história de Jurani é muito bonita. A vida acadêmica se iniciou em Campina, e aqui, compartilha seus ensinamentos com seus alunos, apaixonados pela sua forma de ensinar.
Perguntando a Jura, como ele se vê no futuro, ele diz: “queria ser um velhinho bem danadinho”, ele não sabe se está contribuindo para isso, mas deseja continuar escrevendo, publicando seus livros, “Viver em função dos meus escritos”, deseja ser uma pessoa ativa e em plena consciência de si.
"Tio Jura", é alegria em pessoa, descontraído e sempre atencioso, um sorriso de menino, um olhar poético. Sempre nos inspirando a amar o que fazemos, que sejamos tão apaixonados pela vida e por nossas raízes, assim como o nosso querido Jura.
EXPEDIENTE
PRODUÇÃO: Larissa Silveira, Matheus Silva, Sara Brito
FOTOS: Sara Brito, Matheus Silva
REVISÃO DE TEXTO: Lara Melo
SUPERVISÃO EDITORIAL: Ada Guedes e Rostand Melo
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