
Segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego fechou o ano de 2021 em 11,1%, cerca de 12 milhões de pessoas desempregadas no Brasil, tendo atingido 14,9% entre os períodos de janeiro e março do mesmo ano, cerca de 15 milhões de pessoas sem emprego. São números que refletem a crise econômica vivida no país durante o período de pandemia do COVID-19, assim como também justificam o aumento do número de pessoas em situação de rua, que chegaram à cerca de 222 mil em março de 2020, período da última pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), com tendência de crescimento ao longo do ano de 2021.
O trabalho da fotojornalista Marlene Bergamo, para o Folhapress, agência de notícias do Grupo Folha, evidencia através de imagens a situação em que pessoas recém desempregadas se encontram durante o período em que o país tenta retomar as rotinas econômicas, que nunca foram favoráveis à classe mais pobre. E toma de exemplo a situação do pedreiro João Vitor de Oliveira, 25 anos, que está desempregado, e vive sob um viaduto, junto da sua esposa e filha.

As grandes capitais, que sempre foram sinônimo de oportunidades, hoje são o lar da pobreza e cedem suas praças e calçadas para o repouso de milhões de pessoas. Ainda se sente sortudo aquele que encontra algum espaço em que possa construir uma barraca e se proteger do tempo frio. Já aqueles que não tem essa “sorte”, estão à mercê da bondade humana.
O padre Julio Lancellotti, fotografado por Monica, dedica a sua vida ao cuidado para com as pessoas em situação de rua, e atualmente organiza apoio a famílias que moram em barracas improvisadas abaixo de um viaduto em São Paulo.


A fotorreportagem de Marlene tem o enfoque nos temas social, econômico e sanitário. Dessa forma, a fotojornalista se propôs a capturar ângulos que favoreçam a composição desses temas em conjunto, com o objetivo de evidenciar o quanto são pontos interligados entre si e diretamente dependentes.

O poder público, principal responsável pelo acolhimento dessas pessoas, disponibilizou ginásios e escolas para abrigo temporário durante o período de pandemia. A grande questão é que após o período de pandemia todas essas pessoas voltarão à exposição de risco e sofrimento nas ruas. As doenças nas ruas não se limitam ao Coronavírus. A fome e o medo não se limitam ao período pandêmico. E nesse sentido, o papel do jornalista é ser intermediário entre quem ouve e quem precisa ser ouvido. Quando aqueles que são invisíveis aos olhos da sociedade precisam ser vistos, a fotorreportagem se torna a visão de quem se nega a enxergar.


Série Pandemia 5 anos:
Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou a classificação da Covid-19 para pandemia, indicando que a doença já havia se alastrado por todos os continentes. Naquele dia, os dados oficiais apontavam que mais de 118 mil pessoas já tinham sido infectadas em 114 países. O Brasil, já tinha 52 casos confirmados da doença. O estado de pandemia foi mantido pela OMS até 5 de maio de 2023.
Para marcar essa data histórica, o Coletivo F8 inicia hoje uma série especial sobre os 5 anos de pandemia, com reportagens produzidas por estudantes do curso de Jornalismo da UEPB.
EXPEDIENTE
Texto e análise: Ygor Rezende
Fotografias: Marlene Bergamo
Supervisão Editorial: Rostand Melo
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