No dia 8 de abril, o Supremo Tribunal Federal (STF) votou acerca da reabertura das igrejas em todo o Brasil. Por 9 votos a 2, foi decidido que estados e municípios poderiam suspender missas e cultos presenciais durante a pandemia da Covid-19. Do lado favorável à proibição, a justificativa era a ciência. Para os ministros, igrejas são lugares fechados e suscetíveis à aglomeração, e consequentemente, à maior chance de contaminação.
Atualmente, na Paraíba, os templos religiosos funcionam com restrições. O decreto em vigor determina que no período de 03 a 18 de junho a realização de missas, cultos e quaisquer cerimônias religiosas presenciais poderão ocorrer com ocupação de 30% da capacidade do local. Mas, nos finais de semana, as celebrações só poderão ocorrer de forma virtual, mantendo-se as atividades de preparação, gravação e transmissão, além das ações de assistência social e espiritual.
Com a medida, as atividades religiosas não foram realizadas presencialmente nos dias 05, 06, 12 e 13 de junho, coincidindo com as tradicionais festividades de Santo Antônio para os católicos. A expectativa das comunidades religiosas é de que as missas, cultos e demais atividades religiosas presenciais podem ser retomadas a partir do próximo sábado, mas isso ainda dependerá do anúncio de novas medidas de controle da pandemia, que devem ser divulgadas até a próxima sexta (dia 18).
Dois dias após a votação no STF, em abril, o governador do Ceará, Camilo Santana, acabou por decretar a flexibilização do lockdown em todo o estado, e o decreto incluía a reabertura das igrejas com 30% da capacidade total. Entretanto, essa decisão ainda divide opiniões entre os fiéis.
Há quem tenha a mesma opinião dos ministros que vetaram a liminar que permitia a reabertura. Jaiany Cavalcante, 23 anos, da Paróquia de São José, em Canindé (CE), concorda com a proibição, pois mesmo com as medidas restritivas, as celebrações estavam ultrapassando o limite de pessoas.
“Elas [as igrejas] também juntam muitas pessoas, principalmente por ser um local fechado. Aqui na Igreja de São José tinham missas que estavam dando muita gente”, conta a jovem.
Por outro lado, Stefany Paiva, 16 anos, da Comunidade Cristã Elohim, afirma que igrejas deveriam ser um serviço essencial, e com isso poderem funcionar presencialmente, e apesar de acompanhar as celebrações virtuais, não se acostumou a isso.
“Minha experiência com as lives é que sempre acompanhei, porém é mais complicado a questão da concentração, o fato de estarmos em casa, e ter que assistir pelo celular, não me acostumo com a ideia. Não é a mesma coisa”, relata a garota.
As discussões não se restringem apenas ao estado do Ceará. Karoliny Luna, da Igreja do Rosário em Campina Grande (PB), é uma das fiéis que é contra a reabertura pelo fato de não considerar templos religiosos como serviços essenciais.
“Assim como as instituições de ensino se adaptaram a um modelo remoto, que é extremamente desafiador, as instituições religiosas deveriam fazer o mesmo, já que a fé nunca vai ser questão de presença física”, pontua.
Já do lado favorável à reabertura, Luiz Otávio, da Igreja Rincão do Senhor, em São Gonçalo (RJ), acredita que é possível o retorno das atividades religiosas “desde que sejam seguidos todos os protocolos de segurança”. E ainda acrescenta:
“Acredito que se agarrar na fé é muito importante nesse momento tão conturbado no qual vivemos”.
No estado do Ceará, o atual decreto vai até domingo (25). No último sábado, o comitê científico que monitora a situação da pandemia no estado decidiu manter por mais 7 dias e o isolamento social rígido segue os fins de semana. No estado da Paraíba, as cerimônias religiosas presenciais poderão ocorrer com 30% da capacidade do local, podendo chegar a 50% com a utilização de áreas abertas, de acordo com decreto válido até o dia 2 de maio.
Atualização: até o fechamento desta matéria, celebrações religiosas ainda não eram incluídas como serviços essenciais no município de Fortaleza-CE.
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Atualização
A Prefeitura de Fortaleza publicou em 22 de abril, no Diário Oficial do Município, a regulamentação para que igrejas e academias possam atuar na categoria de serviços essenciais na pandemia. Apesar das regras municipais, a abertura dos templos na capital cearense de autorização em decreto estadual.
O decreto em vigor atualmente em todo o Ceará permite a abertura de igrejas para atividades presenciais até às 22h, de segunda a domingo, atendendo o limite de até 50% da capacidade de público de cada templo. O decreto vale até 20 de junho.
Ficha técnica:
Texto: Nadine Liberato e Tiago Vasconcelos
Fotografias: Eslay Alves
Monitoria e Redes Sociais: Manoel Cândido, Josineide Barbosa e Louise Viana
Orientador: Rostand Melo
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