Sem solução há 29 anos, o caso do garoto Evandro que desapareceu em Guaratuba, no Paraná, ainda é um grande mistério. Muitos já sofreram com as acusações desde que o fato aconteceu, e até já pagaram por um crime que talvez nem tenham cometido.
Beatriz e Celina Abagge, as principais acusadas do crime, Osvaldo Marceneiro, o pai de santo, Davi dos Santos Soares e Vicente de Paula, os ajudantes, Evandro Caetano, a vítima, e Diógenes Caetano, o principal acusador. Essas são as figuras mais marcantes ao longo do desenvolvimento do caso. Mas não podemos afirmar quem está certo ou errado nessa história e somente uma coisa é certa: Evandro acordou naquela manhã de 06 de abril de 1992 e nunca mais voltou pra casa.
No ano de 1992, várias crianças desapareceram no sul do país, e dentre elas uma foi quem mais chamou a atenção de todos. Evandro Ramos Caetano era filho de dois funcionários da prefeitura de Guaratuba, cidade litorânea localizada a 131km da capital Curitiba. No decorrer do curto trajeto da escola em que sua mãe trabalhava até sua casa, o menino sumiu sem deixar rastros e carrega consigo um mistério até hoje não desvendado: quem provocou sua morte e qual a motivação do crime. Muitas teorias foram levantadas e muita dor foi causada, mas ninguém sabe o que realmente aconteceu.
Ivan Mizanzuk, podcaster e idealizador do Projeto Humanos, trouxe à tona toda essa história, quando em 2015 resolveu abordar em forma de podcast todos os acontecimentos que desencadearam em prisões, linchamentos e até no jogo político da pequena cidade de Guaratuba.
Com o sucesso do seu podcast, logo outros meios de interesse pelo caso foram surgindo. Mizanzuk escreveu um livro, que recebeu o título de "O caso Evandro", e em 2021 conhecemos mais algumas versões da história, entre elas, foi produzida uma série na plataforma de streaming GloboPlay, também levando o mesmo nome do podcast e do livro. A série documental conta, com conversas e relatos do próprio Ivan, sobre como se deu o processo para desenvolvimento do podcast e do livro. Além disso, as acusadas Celina e Beatriz Abagge também publicaram um livro, destinado a abordar a história a partir de seu ponto de vista.
Nesse livro, chamado Malleus, as duas falam um pouco sobre a versão dos fatos através de suas vivências, explanando um pouco sobre as torturas sofridas para confessarem o caso e também como o sistema jurídico errou e foi injusto nas suas condenações. Por enquanto, a verdade por trás da história permanece desconhecida e é possível se ter um leque de opiniões depois de assistir ao documentário e/ou ler o livro. Esta permanece sendo nossa recomendação diante das poucas respostas a que podemos nos agarrar.
ATUALIZAÇÃO DO CASO:
De acordo com o portal G1 Paraná, a defesa de Beatriz Abagge, Davi dos Santos Soares e Osvaldo Marcineiro protocolou, na última segunda-feira, 06 de dezembro de 2021, um pedido de revisão criminal das condenações dos três pela morte do menino Evandro.
O pedido baseia-se nas gravações das confissões, publicados em 2020 pelo Projeto Humanos. Os áudios completos mostram os acusados recebendo instruções para confessar os crimes, em trechos que teriam sido omitidos na versão apresentada durante os julgamentos.
De acordo com o pedido, as provas são ilícitas porque foram obtidas mediante tortura e influenciaram o restante do processo. Os advogados pedem que os acusados sejam absolvidos e indenizados.
FICHA TÉCNICA:
Produção: Cecília Marinho, Ester Bezerra, Maria Teixeira, Paloma Mahely
Revisão: Ada Guedes
Supervisão editorial: Rostand Melo
*Fotoilustrações na pandemia:
O Coletivo F8 optou por produzir matérias do gênero “ilustrações fotográficas” durante a pandemia como forma de manter a produção dos estudantes de fotojornalismo da UEPB respeitando os protocolos de distanciamento social. As fotoilustrações permitem ao fotógrafo criar uma cena com o objetivo de representar visualmente um tema ou pauta. O uso de objetos, cenários e, em alguns casos, edição de imagens é comum neste gênero.
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