REPORTAGEM: Agravada pela Pandemia do Coronavírus a desigualdade social se acentua no Brasil
Por: Gustavo Elias, Agenilson Barbosa,
Giovanni Philipe, Kennedy Lima

Desigualdade social aflige o país desde sua colonização, e com o crescimento populacional das últimas décadas, tem se acentuado, principalmente, em função da crescente concentração de pessoas nas zonas urbanas, em situação periférica, aumentando consideravelmente o número de favelas e bairros sem infraestrutura adequada. A desigualdade pode ser medida por faixas de renda, que classifica a sociedade em classes, considerando a renda auferida pelos mais pobres em comparação com os que ganham mais.
Para medir a desigualdade em uma determinada sociedade podem ser utilizados ainda, dados como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), a escolarização, e o acesso a serviços — como saúde, segurança, saneamento, entre outros. Vários desses aspectos estão relacionados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU), que estabelecem metas de enfrentamento à pobreza e de proteção ao meio ambiente até 2030.
O Brasil convive com a desigualdade social há várias décadas, e essa desigualdade por ser encontrada em todas sua as cidades, sem exceção, desde os pequeno municípios até, e principalmente, os grandes centros urbanos, em que os conjuntos de favelas deixam transparecer essa triste realidade.
A desigualdade social é um herança ainda do período colonial. Uma colonização com divisões esdrúxulas de terras e exploração de nossas riquezas, com índios usurpados, negros escravizados, europeus fugidos das batalhas e perseguições europeias, tudo isso associado a um governo imperialista incompetente. Tudo reflete ainda nos dias atuais.

Hoje, aspectos como, discriminação de gênero, racismo, baixa escolaridade, alta tributação de impostos, falta de acesso a direitos fundamentais, só agravam a desigualdade brasileira.
COEFICIENTE DE GINI
Conrado Gini (1884-1965) demógrafo, estatístico e sociólogo italiano, foi quem desenvolveu o Coeficiente de Gini em 1912, que segundo o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ligado ao Ministério da Economia do Brasil, é um instrumento para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo social, ou seja, o coeficiente consegue diferenciar pobres de ricos dentro de um contexto social.
Segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, responsável pelo levantamento dos índices de desenvolvimento no país, o rendimento médio mensal real domiciliar per capita em 2021 foi de R$ 1.353, o menor valor da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), iniciada em 2012. Com isso, a massa do rendimento mensal real domiciliar per capita caiu 6,2% ante 2020, chegando a R$ 287,7 bilhões em 2021, seu segundo menor valor, desde 2012 (R$ 279,9 bilhões).
Ainda de acordo com o IBGE, o Nordeste possui o mais alto nível de desigualdade entre as regiões do Brasil, com menor rendimento mensal domiciliar per capita (R$ 843).
A desigualdade aumentou para a faixa da população que busca emprego e ficou praticamente estável para a população ocupada: o Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita aumentou de 0,524 para 0,544. Para média geral o Gini do rendimento variou de 0,500 para 0,499.
Os números revelam a desigualdade quando expõe que 1% da população tem rendimento médio 38,4 vezes maior que o rendimento médio dos 50% que ganham menos.
CAMPINA GRANDE

Segundo o IBGE, Campina Grande tem, pelos números de 2021, pouco mais de 413 mil habitantes.
Ainda de acordo com o IBGE, o Índice de Gini em Campina determina que 58,88% da população é tida como pobre, com o índice em 0,45 – deixando Campina Grande em um menor grau de desigualdade em relação ao números gerais do país. Mas o resultado não é motivo de orgulho e não implica em uma realidade aceitável, pois ainda há muito em que melhorar.

Nos últimos anos tem ficado evidente o crescimento da desigualdade na cidade, quando vemos um número elevado de pedintes e de crianças nos semáforos. Idosos e adultos, muitos estão em idade produtiva, mas esbarram na baixa qualificação profissional ou na falta de escolaridade, quando não, na ficha criminal. Crianças que deveriam estar na escola e até estrangeiros, fruto da desigualdade em países vizinhos, refletem uma realidade cruel que devasta o Brasil há décadas, demonstrando uma crescente durante a pandemia do Coronavírus.
Para o filósofo político John Rawls, as desigualdades econômicas, sociais, podem levar a injustiças que favorecem pessoas ou empresas que possuem o capital, e por consequência, detêm os privilégios. Esse desequilíbrio tem acentuado a divisão de classes, e em Campina Grande não é diferente.

A má distribuição de renda, associada ao acesso à educação deficitário, péssima administração dos recursos públicos, políticas populistas, investimentos governamentais insuficientes e muitas vezes irrisórios, e o que é pior, a perda de direitos básicos e fundamentais para um mínimo existencial, tem garantido ao Brasil a manutenção dos índices de subdesenvolvimento.
Tudo isso geral um ciclo vicioso de desemprego, desnutrição, violência, miséria, marginalização, mortalidade, dentre outras mazelas, uma vez que população acaba por perder o estímulo para buscar melhores condições de vida. Nesse contexto, crianças e adolescentes são os que mais sofrem com a desigualdade social.

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A atenção dos pais é critério importante de desenvolvimento para uma criança. Para os pais, o sofrimento é tamanho quando não conseguem fornecer as necessidades básicas de seus filhos. Na grande maioria dos casos os pais tem pouco ou nenhum estudo, a família não tem como evoluir de patamar social pela baixa escolaridade e pela consequente falta da mão de obra qualificada e as oportunidades se fecham, isso faz com que muitas famílias busquem a reciclagem ou a coleta de lixo como meio de subsistência, o que pode trazer consequenciais para a saúde.
Existem muitos meninos de rua, sem moradia ou morando em lugares precários, sem direito a garantia das condições mínimas de acesso a uma vida melhor. Por vezes, não têm com quem falar, não encontram meios de busca, já não encontram forças para reclamar, clamar ao poder público, e acabam por se satisfazerem com o mínimo. O impacto intelectual é devastador. A vida adulta fica comprometida, e não tem desenvolvimento físico e intelectual adequados.
Muitos buscam no esporte a saída necessária para vencer a desigualdade, principalmente no futebol e são muitos os exemplos de superação. Mas, ainda assim, há muitos entraves sociais implícitos nessa busca.

Entretanto, essa realidade precisa urgentemente ser alterada, e o controle das causas da desigualdade social permite que haja gastos sociais transparentes, educação de qualidade, salários justos e combate à discriminação, seja racial ou de gênero.
FICHA TÉCNICA
Fotografia e reportagem: Gustavo Elias, Agenilson Barbosa, Giovanni Philipe, Kennedy Lima
Monitoria: Ester Bezerra
Supervisão editorial: Rostand Melo
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