top of page
  • Angélica Araújo, Camilla Barbosa e Eva Leite

Música x Pandemia: "Quem canta seus males espanta", e quem ouve?

Atualizado: 1 de jun. de 2021


Foto: Eva Leite

A música está presente em cada parte da nossa vida. Aquela música do momento que você ouve durante o banho, enquanto faz atividades domésticas, ou à caminho do trabalho. Aquela playlist feita especialmente para os estudos; o som alto do vizinho inconveniente, ou alguém ouvindo música sem fones de ouvidos dentro do ônibus; e tantas outras canções que marcam um momento, que te lembram de um lugar ou de alguém.


Ainda é costume de muitos estar sempre ligado em alguma estação de rádio. Mas, atualmente, os espaços comuns de circulação da música são aplicativos de streaming. Em computadores, aparelhos celulares, caixas de som portáteis cada vez mais minúsculas, conexões via bluetooth e programas com pacotes de streaming, como Spotify, Youtube, Deezer, Apple Music. São apenas algumas dentre uma infinidade de opções de meios para se ouvir música.


As pessoas se conectam nesses canais e plataformas nas mais variadas esferas da vida. Muitas destas, no entanto, foram impactadas com a pandemia do Covid-19.

Foto: Eva Leite

Em cenários modificados do cotidiano diante da pandemia, em que as relações sociais e de trabalho foram rearranjadas, a música assume papel importante na organização estrutural do sentir e agir humano. Em áreas como a filosofia e a psicologia, diversas questões são levantadas em relação à influência da música e seus efeitos nas pessoas.


Como a Covid-19 afetou o consumo de música?


Uma pesquisa realizada pela Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), com 122 participantes de diferentes idades, revelou que 85,2% dos entrevistados afirmaram que ouvir música é uma forma de lidar com a pandemia. O estudo também aponta que a música funciona como um escape, uma ferramenta importante contra a ansiedade e estresse, além de trazer um sentimento de motivação, felicidade e esperança.


O estudante Rafael Medeiros (16) compartilha desse pensamento e afirma que a música tem poder terapêutico em dias ‘nebulosos':


“A música é um dos meus maiores passatempos. Quando estou em um dia ruim ou estressado, coloco um som de algum artista que gosto pra tentar alterar meu humor. Eu estou o tempo todo ouvindo no meu fone, me vejo como um carro e a música como gasolina”.

Para a cantora Thielly Lohane (23), a música na pandemia tem sido uma forma de aliviar o sentimento de dor e pesar que a sociedade tem vivido: "Eu acho que precisa até mais da música nesses momentos, não necessariamente uma música religiosa, que tenha algo de cunho espiritual, mas uma música que faça você colocar os pés no chão de novo. A música veio nesse sentido de salvar, acho que ela tem muito disso, de cura também, de você ver que realmente há esperança, falo da questão da pandemia."


Foto: Angélica Araújo

E quanto a quem produz música?


Thielly é estudante de medicina e artista de rua, conciliando a música com os estudos. Desde pequena tem uma forte ligação com a música, e hoje canta nas ruas de Campina Grande. A jovem, que também teve seu trabalho artístico impactado pela pandemia, conta que sentiu tanto a quebra do contato com o público, como a diminuição nas contribuições: “O que a gente mais vê hoje na pandemia é que as pessoas estão guardando [dinheiro] pra se sustentarem nesse período que está difícil, então eu vejo que diminuiu nesse aspecto”.


Foto: Angélica Araújo

Essa realidade não é só de Thielly, de acordo com a pesquisa ‘Músicos e Pandemia’, realizada pela União Brasileira de Compositores (UBC) em parceria com o cRio, o think tank da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), dos 883 profissionais participantes, 86% passaram a ganhar menos dinheiro com a pandemia e 30% perderam totalmente o que ganhavam.



Foto: Camilla Barbosa


A importância das redes sociais

O fato é que a crise sanitária exigiu dos profissionais ligados à música uma reinvenção urgente. Nesse sentido, as redes sociais são um dos seus maiores aliados, pois desempenham papel importante na divulgação de composições, possibilitam a realização de lives e aproximam, ainda que virtualmente, o artista com o público.


Foto: Camilla Barbosa

O Verso em Par, dupla musical formada pelo casal Jaine Barbosa (27) e José Adriano (28), vêem as redes sociais como uma excelente ferramenta para atrair novos clientes, e divulgar seu trabalho com qualidade. Para eles:

“As redes são os cartões de visitas hoje; abertos a todos e sempre a um toque de qualquer um ao redor do mundo. Por isso, quanto mais pessoas verem e gostarem do que postamos, falamos e cantamos, mais pessoas serão alcançadas, e cada uma delas é um cliente em potencial para nós. Por essa razão, há uma preocupação com a imagem e a qualidade do que fazemos”.

Foto: Camilla Barbosa

Apesar deste cenário, a Associação Brasileira de Música Independente (ABMI), através de pesquisa com dados publicados em matéria da Veja, revelou que 89% dos entrevistados, esperançosamente, demonstram significativo otimismo com relação ao futuro da música pós-pandemia.



Foto: Eva Leite
 

FICHA TÉCNICA

Fotografia e reportagem: Angélica Araújo, Camilla Barbosa e Eva Leite

Monitoria e redes sociais: Manoel Cândido, Josineide Barbosa e Louise Viana

Revisão textual: Ada Guedes

Supervisão editorial: Rostand Melo


*Fotoilustrações na pandemia:

O Coletivo F8 optou por produzir matérias do gênero “ilustrações fotográficas” durante a pandemia como forma de manter a produção dos estudantes de fotojornalismo da UEPB respeitando os protocolos de distanciamento social. As fotoilustrações permitem ao fotógrafo criar uma cena com o objetivo de representar visualmente um tema ou pauta. O uso de objetos, cenários e, em alguns casos, edição de imagens é comum neste gênero.


458 visualizações0 comentário
bottom of page