Estamos vivendo um episódio da nossa história em que a liberdade nos foi tirada por questões de segurança, acostumados com a correria do dia a dia, enfrentar a pandemia pela janela do apartamento é no mínimo desafiador para nós que somos seres socais. O único pensamento que se mantém em nossas mentes é: até quando e como vamos conviver com o isolamento social?
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Costumo pensar que o tempo é o pai de todas as coisas, sejam dos momentos bons ou ruins. O tempo está presente para eternizar ou fazer desaparecer nossas memórias. Circulando entre os cômodos da casa nós vemos um ano inteiro passar com o mesmo enredo: o avanço do vírus, as mortes, a luta da ciência e falta de responsabilidade dos civis.
As reuniões de família, os abraços calorosos dos velhos amigos e até mesmo o próprio exercício do trabalho foram virados ao avesso e se ajustaram ao nosso novo modelo de vida: atrás da tela, até os momentos de descontração também estão sendo vivenciados através das nossas três ou quatro telas.
As casas estão fechadas, as crianças no quarto e o tempo parece que não passa nunca e quando parece que passa, acaba escorregando pelas nossas mãos muito rapidamente. Quase sem fôlego nós seguimos todos os dias, olhado o céu pela janela, trabalhando e estudando através do computador, conversando com a família pelo celular e fazendo quase tudo sozinhos.
O tempo como pai de todas as coisas faz tudo do jeito dele, cabe a nós respeitar seu caminhar e entender que tudo tem início, meio e fim. Seguimos vivendo um dia de cada vez, vendo a vida da janela sonhando com a liberdade que é nossa e sempre foi nosso combustível de vida.
A vida e o progresso que todos desejam não é linear, e talvez seja necessário entender isso para que a esperança se renove.
FICHA TÉCNICA
Fotografias, Pós-produção e redação: Shayelle Araújo.
Monitoria e redes sociais: Andresa Costa, Oma Roxana e Louise Viana.
Supervisão editorial: Rostand Melo.
Texto citado nas imagens: trechos de ''Grande sertão Veredas'' de Guimarães Rosa.
*Fotoilustrações na pandemia:
O Coletivo F8 optou por produzir matérias do gênero “ilustrações fotográficas” durante a pandemia como forma de manter a produção dos estudantes de fotojornalismo da UEPB respeitando os protocolos de distanciamento social. As fotoilustrações permitem ao fotógrafo criar uma cena com o objetivo de representar visualmente um tema ou pauta. O uso de objetos, cenários e, em alguns casos, edição de imagens é comum neste gênero.
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