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  • Ana Flávia, Ângela Alves e Matheus Aiko

Racismo: protestos na pandemia contra um mal tão letal quanto o vírus



As fotos tiradas na capital da Paraíba, cidade de João Pessoa, foram registadas no dia 20 de novembro de 2020 e noticiam um dos protestos que aconteceram no Brasil após a morte de João Alberto Silveira Freitas de 40 anos, pai de 4 filhos e homem preto que foi espancado até a morte por dois seguranças em uma das sedes do hipermercado Carrefour. O assassinato aconteceu em Porto Alegre no Rio Grande do Sul no dia 19 de novembro de 2020.


A fotorreportagem foi realizada em situação de Pandemia no país e exibe imagens de ativistas carregando placas com frases como “fogo nos racistas”, “Beto presente!” ou “A carne mais barata do mercado é a carne negra”, verso da música "A Carne", composta por Seu Jorge, Marcelo Yuca e Wilson Capellette.


As fotografias foram feitas por Nathália Williany, e mostram uma fotorreportagem que respeita os direitos de imagens dos manifestantes que participaram da ação e não tiveram suas privacidades violadas.


As imagens de interesse público foram realizadas e publicadas dentro do seu real contexto. As pessoas fotografadas em local aberto não tiveram seus espaços pessoais violados, além disso, os ativistas utilizavam máscaras de proteção para o Covid-19, que no fim, auxiliaram a proteger também suas identidades. Os retratos possuem edições de tratamento básico como cortes, filtros e melhoras na iluminação, saturação e contraste, sem alterar ou manipular o contexto das cenas.



Pensando na situação que o país vive, a partir do momento em que o povo decide ir para as ruas correndo risco de contrair um vírus que na data do protesto já havia levado mais de 168 mil vidas brasileiras, é porque o racismo atualmente ainda é tão letal quanto o vírus, não apenas no Brasil mas em todo o mundo, mudando apenas o nome, mas a cor é sempre a mesma, aqui no Brasil João Alberto, nos Estados Unidos George Floyd.


Há um ano atrás, em 25 de maio de 2020, George Floyd foi assassinado por um policial em Minneápolis nos Estados Unidos. A morte dele gerou uma enorme comoção mundial, e diversos protestos tomaram conta das ruas americanas. Mesmo com o cenário pandêmico, as pessoas protestaram com indignação em busca de mais respeito para com as vidas negras.


As manifestações aconteceram não apenas nas ruas, mas também nas redes sociais como o Instagram que teve o que ficou conhecido como “terça-feira do apagão” ou como o termo original em inglês “Blackouttuesday”, termo esse que foi utilizado como Hashtag em fotos com telas pretas, simbolizando um ato virtual em busca de igualdade e conscientização de uma luta tão importante e que deveria ser abraçada por todos.


Dentro do novo contexto pandêmico, o fotojornalista sofreu impactos na sua forma de produção e o cuidado passou a ser redobrado. Os fotógrafos que antes precisavam pensar apenas em capturar bons momentos agora se preocupam também com sua saúde. É admirável a coragem de Williany, jovem de 23 anos e aluna do curso Relações Internacionais da UFPB, ao sair da sua segurança para capturar imagens que carregam tanta importância e responsabilidade acerca de um tema sensível e muitas vezes ignorado por grande parcela da população.


Ao ser questionada se sentiu diferença ou dificuldade para realizar as fotos por conta da pandemia Williany respondeu "Sim, além de me sentir mais cansada por causa da respiração com a máscara e as vezes o face shield, após horas de documentação, também me sinto preocupada com o ambiente e os cuidados que devo tomar durante e após os registros, seja por causa de aglomerações, para evitar me aproximar das pessoas retratadas, seja depois, para higienizar os equipamentos. Basicamente sinto mais cansaço e preocupações".


 

FICHA TÉCNICA

Fotografia e Edição de fotos: Nathália Williany

Monitoria e redes sociais: Andresa Costa, Oma Roxana e Louise Viana

Supervisão Editorial: Rostand Melo


*Observatório de fotojornalismo:

O Coletivo F8 optou por produzir análises sobre produções de fotojornalismo realizadas e publicadas entre 2020 e 2021 como alternativa de manter a produção acadêmica dos estudantes de fotojornalismo da UEPB, respeitando os protocolos de distanciamento social. São analisadas fotografias publicadas em revistas, jornais ou portais de notícias e que abordam temas diversos, mas que foram produzidos no contexto da pandemia.

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