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Diploma x Mercado de Trabalho: há oportunidades para todos?

  • Foto do escritor: Altair Ian Oliveira Alves
    Altair Ian Oliveira Alves
  • 24 de mar.
  • 3 min de leitura

Relatos revelam porque grande parte dos profissionais formados não atuam nas suas áreas de formação


Samara Costa é formada em História pela UFCG, mas atua em outra área.
Samara Costa é formada em História pela UFCG, mas atua em outra área.

Não é novidade o fato de que ter uma formação superior em uma determinada área não é garantia de entrada no mercado de trabalho com a profissão na qual a pessoa se profissionalizou. Mas, o que gera essa realidade? Segundo a Central dos Sindicatos Brasileiros (CBS), em 2023, 5,4 milhões de formados estão trabalhando fora da sua área de atuação, e os principais motivos são: falta de oportunidades, expectativas salariais frustradas, mudança de interesses e condições do mercado de trabalho.


O Brasil tem um histórico de dependência econômica da agricultura e da exportação, tendo os investimentos em ciência e tecnologia como algo recente na história. Os profissionais formados nessas áreas ainda não são, em sua totalidade, contemplados com oportunidades de emprego. “Investindo em indústria, o Brasil geraria mais empregos no setor tecnológico, produzindo bens de consumo no país, incentivaria o comércio, o comércio por sua vez gera novas vagas de emprego, é o que chamamos de desenvolvimento interno, com foco no desenvolvimento da economia internacional”, afirma Fernanda Peres, professora de Sociologia da Comunicação da Universidade Estadual da Paraíba.


O acesso ao ensino superior tem passado por um processo de ascensão e popularização no país, já o mercado de trabalho não acompanhou tal avanço. “Na atualidade, o que aparenta ter mais valor são contatos, conhecer pessoas, pois boas vagas são ofertadas a um círculo social de confiança, deixando muitos profissionais serem escanteados e substituídos por meio de indicação”, diz Aluska Santos, formada em Comunicação Social e que atualmente trabalha como cabeleireira.


A escolha pela área de atuação feita ainda numa fase inicial da juventude e o desconhecimento do campo de trabalho e das habilidades exigidas fazem com que algumas pessoas, ainda na graduação, percebam que o trabalho na área em que estão se formando é bem restrito e optam por outra área. Sabrina Azevedo trocou o curso de Administração pelo de Pedagogia, depois de ter recebido uma proposta para atuar como auxiliar de sala por uma amiga que é professora. “Ela me fez a proposta e como eu estava desempregada, com um filho de 2 anos para criar e tinha acabado de descobrir outra gravidez, eu decidi encarar o desafio. Costumo falar que eu não escolhi a Pedagogia e sim, que ela me escolheu”.


Enfrentar processos seletivos com alta concorrência, aguardar vaga em cadastro reserva, nem sempre é uma opção para que tem pressa por um emprego. Samara, que se formou em História, precisou aceita proposta em outro campo de atuação e hoje trabalha como supervisora de pessoal. “Logo ao me ver como provedora da minha casa, após o falecimento da minha mãe, optei por conseguir algo mais rápido”.




Samara Costa, formada em historia pela Universidade Federal de Campina Grande - UFCG


Muitos continuam na busca por um emprego na sua área de atuação, mas enfrentam várias frustrações. “Quando eu terminei, já recebi o diploma e fui à procura de trabalho na área. Cheguei a deixar currículo na terceira região de ensino, mas não fui chamado por não ter experiência.” Relata Valdemir Pereira, formado em Letras – Espanhol. Hoje, Valdemir trabalha como agente de limpeza (gari) e busca realizar um mestrado para ter mais chances no mercado de trabalho e, futuramente, tornar-se professor universitário.


Clara Cecília, formada em Química Industrial, teve que seguir outro caminho também por falta de oportunidades em sua área de formação e hoje trabalha como gestora de pessoas. “Ao ver que no call center, dava pra ganhar mais, comecei a fazer processo, a fim de um crescimento na empresa, fiz o processo, passei e cada vez mais me encontro no cargo e com a profissão. Me sinto satisfeita.”


O ensino superior é a base para uma formação profissional de qualidade em muitas áreas de atuação, contudo, as expectativas frustradas acabam levando muitos a um descrédito no investimento dedicado aos estudos. “É considerável que as próximas gerações vejam o estudo não como um benefício, mas sim, uma perda de tempo, visto que no final o resultado é o mesmo para todos”, alega Fernanda Peres, professora de Sociologia da Comunicação da Universidade Estadual da Paraíba.


Uma formação acadêmica abre muitas portas, pois, mesmo sem uma atuação na área, as experiências universitárias despertam habilidades e dinamismo em qualquer profissão. Esse período ajuda no desenvolvimento do pensamento crítico e na aquisição de novas habilidades que podem ser aplicadas em uma futura carreira, além de contribuir para o crescimento pessoal e proporcionar uma visão mais ampla.




EXPEDIENTE

Fotografia: Igor Guedes, Ian Oliveira e Fernanda Neri

Redação: Maria Quitéria

Supervisão Editorial: Ada Guedes e Rostand Melo

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