Desconexão: como o excesso de tecnologia afeta a vida dos jovens
- vitoriasantana40
- 12 de mai.
- 3 min de leitura

Compras online, pagar contas, agendar consultas, se comunicar com pessoas de qualquer lugar do mundo instantaneamente. É inquestionável, a internet facilitou muito a vida das pessoas e revolucionou as possibilidades de conexão, mas, em contrapartida, o uso excessivo de dispositivos eletrônicos tem causado efeitos negativos na vida dos usuários, como mal desempenho nos estudos, problemas de saúde física e mental, e o vício em redes sociais.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou que 68% dos jovens sofrem de dependência tecnológica de grau moderado, enquanto 20%enquadram-se como dependentes graves. Foram avaliados 264 jovens entre 13 e 17 anos.

A dependência tecnológica é caracterizada pelo uso excessivo de dispositivos eletrônicos, especificamente quando o abuso dessas tecnologias passa a ser prejudicial ao usuário. Alguns sinais que podem indicar a dependência tecnológica são:
● dificuldade de realizar tarefas básicas do dia a dia em favor do uso de tecnologia;
● isolamento social;
● irritabilidade;
● dificuldade em reduzir o tempo de uso;
● ansiedade, entre outros
Para a Psicóloga Ligia Gouveia a dependência tecnológica decorre das novas configurações sociais em que a tecnologia está a todo tempo inserida como recurso das mais diversas atividades humanas. “A tecnologia tem sido uma grande aliada, mas também desafiadora, é um dos desafios ocorre quando traz sofrimento e consequências negativas para a saúde mental”.
Qual público-alvo é mais propício a desenvolver dependência tecnológica?
A tecnologia está totalmente inserida no cotidiano das pessoas, trouxe praticidade e agilidade em inúmeras áreas como estudos e trabalho, porém, essa presença massiva de informações tem afetado uma categoria específica da sociedade: os jovens. “Todos estamos expostos a todo momento, mas as pessoas que usam tecnologia na atividade laboral, crianças e adolescentes que usam como entretenimento, redes sociais e jogos eletrônicos, são mais propícios a desenvolverem dependência”, destaca a psicóloga.
“O amplo acesso tecnológico e sua incorporação ao cotidiano humano demanda negociações, é interessante que os pais e professores deem suporte desde a infância, para que a criança aprenda a lidar com os limites, uma vez que a possibilidade de acesso constante é muito sedutora”

Aluna do curso de jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Eduarda Alves já sente sua saúde prejudicada pelo consumo desmedido de aparelhos eletrônicos “Sinto que agrava minha ansiedade, afeta minha coluna. “Começo a perder tempo nas redes sociais ao invés de fazer minhas atividades da faculdade, por exemplo, ou ficar com a minha família, totalmente submersa naquilo e me atrapalho toda”, revela.
Tempo de uso médio dos jovens
De acordo com a Comscore, empresa de análise de dados, o Brasil é o 3° país que mais consome redes sociais no mundo. São 131.506 milhões de contas ativas.
Com base nessas informações, nossa equipe de reportagem, desenvolveu uma pesquisa com os estudantes da UEPB para descobrir o tempo de uso médio que os jovens dedicam aos aparelhos eletrônicos e as consequências da dependência tecnológica em suas rotinas e comportamentos.
Através de formulário de pesquisa, 15 respondentes participaram da pesquisa e os resultados mostram confluência com o levantamento feito pela Unifesp.

Os dados apontam que 73,3% dos jovens entrevistados ficam ansiosos quando estão sem internet:

A estudante Eduarda Aragão é uma das vítimas da abstinência. “Sinto muita falta, pois tenho dependência emocional do meu aparelho telefônico, quando estou sem acesso à internet fico extremamente irritada, como se não tivesse nada mais importante para fazer, como se só existisse a internet para passar o tempo”.
Para Gustavo Calixto não é diferente “O tempo que eu passo na internet prejudica minha saúde mental e física, inclusive tenho problemas na visão por usar muito o celular, além da baixa autoestima, pois comparo a minha vida com a das outras pessoas”.

Tratamento
Como visto ao longo da reportagem, os casos de dependência tecnológica vem aumentando cada vez mais conforme os avanços tecnológicos e surgimento de novas plataformas e aplicativos. Por isso, fique atento aos sinais.
Aqui estão algumas dicas que podem ajudar no processo contra a dependência tecnológica:
Praticar atividades físicas;
encontrar outras atividades para ocupar o tempo livre;
estabelecer um limite de tempo nas redes sociais e
desativar notificações para evitar constantes distrações.
Mas a terapeuta destaca que em muitos casos o tratamento mais aconselhável é a psicoterapia “Pode ser um caminho de suporte para o sujeito se implicar com essa problemática e encontrar possíveis saídas para usufruir, porém não se exceder com prejuízos à saúde mental.
Confira mais imagens na galeria:
Expediente
Fotografia: Beatriz Alves,Elaine Fabiola, Maria Clara, Renata Carvalho e Vitoria Santana. Produtoras: Beatriz Alves, Maria Clara e Vitória Santana.
Entrevista: Elaine Fabiola.
Texto: Renata Carvalho.
Monitoria: Briza Cunha
Supervisão Editorial: Ada Guedes e Rostand Melo.
Comments