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Joalysson G; Charles D; Gabrielly F e Aline P.

Tamanquinho que bate: o coração da solidariedade

Projeto utiliza a arte como instrumento de transformação social



Partindo de uma pesquisa com feirantes realizada na Feira Central de Campina Grande-PB, e observando a situação das crianças que ali se encontravam, a professora Eneida Agra Maracajá idealizou o projeto “Tamanquinho das artes”. Eneida afirma que o nome remete aos antigos tamancos de madeira vendidos na feira central e ao poema infantil “A canção dos tamanquinhos”, da jornalista e escritora Cecília Meireles. É entendendo esta poética que conhecemos e concebemos o Tamanquinho que bate como o coração da solidariedade.


Eneida Agra Maracajá - Foto: Charles Dias

Mas qual é o objetivo do projeto?


O objetivo do projeto é transformar, libertar, humanizar e educar através das artes. Por meio da ação cultural concede assistência às crianças em situação de vulnerabilidade social, minimizando as desigualdades com educação e cultura na formação das crianças enquanto cidadãs. Criado em 2016, o projeto atualmente atende aproximadamente 70 crianças da cidade, advindas das famílias da feira central e de outros bairros, a partir dos 6 anos e ficam até os 14 anos de idade. Elas têm aulas de balé, música (violino), desenhos, xilogravura, escultura, teatro, nos turnos manhã e tarde, são alimentadas com lanches e almoço nos dias que vão participar do projeto.


“As crianças possuem uma camada de cinza muito grande, portanto achamos importante trabalhar aspectos psicológicos, sociais e cognitivos”, conta Regina, coordenadora do projeto.

Pintura de quadro feita pelos alunos do projeto - Foto: Joalysson Araújo

Quais são as dificuldades encontradas no projeto?


Quando questionada sobre as dificuldades, Regina relata que os professores voluntários lidam diariamente como algumas questões. As vezes há falta material para as oficinas e material de limpeza para o espaço e de higiene pessoal das crianças. Por vezes, também faltam pessoas para agregar e fazer parte do projeto de forma voluntária, colaborando com as oficinas e afins. Há ainda o fator complicador do relacionamento familiar, que segundo Regina, os professores precisam saber lidar com problemas psicológicos das crianças, pois a imaginação delas são muito duras devido a realidade que vivem.


É nesse contexto que os professores não apenas ensinam e compartilham conhecimento, mas passam a vivenciar a história das crianças, se tornam confidentes e apoio delas. Um trabalho que se reflete na autoestima das crianças que já se apresentaram em vários lugares com eventos culturais e universidades da cidade, levando alegria, emoção e superação.


Momento do lanche dos alunos - Foto: Charles Dias

“O professor no projeto e na sua essência tem o dever de acolher, de ser maternal, e acredite, não é algo mecânico é todo um processo de acolhimento e amor pelas crianças”, relatou Corrinha, professora da Oficina de materiais recicláveis.


De acordo com Corrinha, a oficina tem como objetivo reaproveitar materiais recicláveis e desmistificar a ideia de que não há serventia para as coisas que vão para o lixo, pois o ato de reciclar na oficina é transformar o lixo em luxo, ou seja, modificar o material para uma nova finalidade.

Ela incentiva os alunos a levarem os materiais tanto para despertar um olhar criativo e inovador, quanto para que haja uma quantidade adequada de materiais em sala de aula, visto que a oficina não conta com o apoio de organizações de coleta e reciclagem.


Corrinha dos bonecos, professora voluntária - Foto: Aline Pereira

A professora de Artes, informa que o objetivo vai além da transformação do lixo em objetos, o propósito principal é a transformação social dos alunos partindo da socialização, da criatividade e empatia. Através do processo de acolhimento, juntamente com o encaminhamento ao CRAS e o Conselho Tutelar, o Projeto visa zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.



A transformação se dá com a partilha


Um trabalho conjunto e colaborativo com foco naqueles que precisam desse aporte para criar e conseguir enxergar no mundo o que por vezes lhe faltou em seu contexto social e familiar.


“Se encontrar como humanos para viver o momento, usando a fábula, o teatro e a fantasia para se conectar, com temas que são transversais à vida da gente”, diz Chico Oliveira, professor de teatro.


O professor utiliza o teatro para falar de assuntos importantes sobre a realidade social. Para ele, o teatro tem uma missão importante, pois ensina as pessoas a ter disciplina, coragem e acima de tudo, acreditar em sua capacidade de realizar sonhos. Quando perguntado sobre o que era mais gratificante no projeto, Chico ressalta que ver as crianças aprendendo sobre o futuro e assuntos importantes da vida, faz com que ele receba e se sinta grato pelo encontro humano que o projeto propicia.


Chico, professor voluntário - Foto: Charles Dias

Para Chico, a arte é um pretexto para continuar aproveitando a graça e a benção de poder se encontrar e ser feliz. Nessa perspectiva, o projeto vai garantir a representatividade para as crianças em situação de vulnerabilidade e riscos sociais, portanto, e assim, elas vão atuando como pequenos artistas em formação e são impulsionadas na sociedade através da educação.


O Tamanquinho das Artes é um espaço de liberdade para as crianças utilizarem-se da imaginação e acessar uma outra perspectiva de mundo, através de um novo olhar. A existência e a organização de todo o projeto não seriam possíveis sem toda a dedicação e amor dos educadores, incluindo os que não foram entrevistados, mas que conseguem superar diariamente, todos os obstáculos em busca de promover um futuro com melhores perspectivas às crianças atendidas pelo projeto.


Confira mais fotos no slideshow:



 

Ficha Técnica:

Supervisão Editorial: Ada Guedes e Rostand Melo

Entrevistados: Eneida Agra - idealizadora, Regina - coordenadora, Corrinha - professora, Chico - professor


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