Popularmente conhecido como Autismo, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição caracterizada pelo comprometimento na comunicação e interação social, associado a padrões de comportamento restritivos e repetitivos. O próximo domingo, 02 de abril, é o dia de mundial conscientização sobre o autismo.
A pessoa com TEA é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais, segundo a Lei n 12.764/2012 que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
Pesquisas mostram que uma em cada 100 crianças podem ser diagnosticadas com algum grau do espectro. A etiologia do TEA ainda permanece desconhecida, evidências científicas apontam que não há uma causa única, mas sim a interação de fatores genéticos e ambientais que incidem nessa condição.
Estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo tenham autismo, sendo 2 milhões no Brasil, e desse número, cerca de 40 mil estejam no Estado da Paraíba.
O tratamento oportuno com estimulação precoce deve ser preconizado em qualquer caso de suspeita de TEA ou desenvolvimento atípico da criança, independentemente de confirmação diagnóstica.
AUTISMO E DIAGNÓSTICO
Os níveis do Transtorno do Espectro Autista são subdivididos em leve, moderado e severo. Porém, uma mudança recente passou a classificar essa divisão em níveis de ajuda 1, 2 e 3. A analista de comportamento Anuska Érica do Instituto Viver Autismo explica as características desses níveis: “No nível 1 a pessoa é praticamente independente, precisa de pouca ajuda, no nível 2 as limitações são moderadas, já no nível 3, existe uma necessidade significativa de ajuda”.
Segundo Anuska, não existe uma idade pré-fixada para fechar o diagnóstico, mas a partir de um ano de idade é possível observar se a criança contém traços do TEA. Ela também enfatiza a observação dos pais com relação a esse desenvolvimento para a identificação precoce, e assim garantir a boa qualidade de uma vida futura.
A psicóloga Bianca Agra fala que através da socialização o autista vai criando repertório para aumentar as possibilidades de aprendizagem e de crescimento, o que é de grande importância para seu desenvolvimento. O convívio e o compartilhamento de experiências são fundamentais para o aumento de habilidades cognitivas que se completam na infância e facilitam o aprimoramento e o desenvolvimento da criança como um todo.
No âmbito escolar, o hiper foco, característico da criança com TEA pode contribuir tanto de forma positiva quanto negativa dentro do espectro autista e seus níveis. A psicóloga Fernanda Valadares explica que o TEA faz com que a criança seja tão focada numa determinada disciplina de seu interesse que nas outras não apresenta um bom desempenho. Nessa questão, os professores devem estar atentos e buscar trazer as crianças para a dinâmica da sala de aula de forma integrativa.
COMUNICAÇÃO, SOCIALIZAÇÃO E MÚSICA
A dificuldade na comunicação e na socialização é uma das principais características de pessoas com TEA e por meio de profissionais e técnicas terapêuticas, essas vertentes podem ser trabalhadas e desenvolvidas. A educadora musical Ana Cecília afirma que a música pode ativar várias regiões do cérebro que muitas outras atividades não atingem. Dessa forma, a musicalização tem o intuito de promover a comunicação, a socialização e também o cognitivo.
Aproximadamente 40% das crianças com TEA não falam e apresentam autismo não verbal, com isso é necessário o acompanhamento fonoaudiológico. O fonoaudiólogo vai atuar para que a criança atinja uma comunicação mais funcional e participe da sociedade como um todo e não somente se comunique em casa.
Kelly Dias diz que é importante e imprescindível o acompanhamento da fonoaudióloga, que é sua área de atuação, mas ela frisa que a cooperação familiar e o desenvolvimento multidisciplinar é de extrema importância para o paciente.
INCLUSÃO É RESPEITO E LIMITES
O acolhimento de pessoas com TEA na sociedade ainda é algo que precisa muito ser trabalhado. Atitudes inconvenientes e indelicadas podem dificultar um convívio tranquilo. É preciso informação e conhecimento para que os limites, que são abstratos, sejam compreendidos e respeitados. Fernanda Valadares afirma que é importante ter cuidado na hora da interação, já que nem todos os autistas se sentem confortáveis com o contato físico.
Também é relevante agir com naturalidade e não tratar adultos com TEA de forma infantilizada. Vale ressaltar também que autistas não verbais compreendem o que falamos, e, portanto, é importante uma comunicação clara, evitar instruções verbais muito longas, mentiras, sentido figurado. Em vez disso, o ideal é usar frases específicas e curtas, como explica a psicóloga Bianca Agra.
Conforme Giselia Menezes, mãe da Luiza, com 04 anos de idade, é notório um olhar diferente das pessoas para sua filha, pois ela possui um temperamento forte: se joga nos locais quando quer algo, grita muito e ainda solta umas palavrinhas, mas a sua principal forma de comunicação é através de gritos.
Já para o pai de Miguel (05 anos), Salmo Edgley, a vivência com o filho é outra porque as características que ele tem do espectro autista são bem leves e não são tão perceptíveis. Apesar do filho conter Transtorno do Déficit de Atenção com Imperatividade (TDAH) e ser um pouco impulsivo e impaciente, ele tem aprendido a ter mais empatia com seu filho e as demais pessoas.
Salmo ressalta: “Busquem o quanto antes a ajuda dos profissionais para poder trabalhar as limitações que cada um tem. Porque se for esperar crescer fica mais difícil fazer os ajustes para que ele possa viver mais perto da normalidade com a sociedade”.
Dados mais recentes estimam que no Brasil, uma a cada 160 crianças têm autismo. É importante lembrar que o número de pessoas autistas aumentou por conta do avanço da ciência, que busca estudar e entender esse transtorno. Além disso, as informações a respeito do Transtorno do Espectro Autista (TEA) se tornaram mais acessíveis, trazendo uma alerta para a sociedade.
EXPEDIENTE:
Produção e Fotografia: Ana Lima e William Freitas
Reportagem: Ana Lima e William Freitas
Texto: Antônio Fernandes, Ana Lima, Samara Evellyn e William Freitas
Monitoria: Antônio Moraes e Ester Bezerra
Supervisão editorial: Ada Guedes e Rostand Melo
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