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  • Altaline Oliveira, Daniella Régis, Gabriel Queiroz

Universidade Aberta à Maturidade: uma nova forma de viver

Atualizado: 18 de ago. de 2020


Duas idosas no momento de convivência na UAMA

Da criação a expansão...


A Universidade Aberta à Maturidade (UAMA) traz consigo um reavivamento para a vida dos idosos que a frequenta. Durante sua trajetória através das atividades realizadas, incentiva os alunos a buscar um novo ânimo anteriormente perdido e a se tornarem novamente cidadãos ativos. Sendo a única universidade voltada para este público, a UAMA recebe alunos a partir de 60 anos vindos dos quatro cantos da cidade e, desde sua fundação, vem se tornando a segunda casa para muitos destes alunos.


O professor Doutor Manoel Freire de Oliveira Neto é o coordenador geral e idealizador do projeto iniciado no ano de 2009. Ele conta que nesses 10 anos já passaram mais de 800 alunos pela universidade. “As transformações que a UAMA faz na vida desses idosos são muito grandes! Vai desde o aspecto da melhoria da qualidade de vida até a autoestima. Muitos chegam com depressão, isolamento, e a UAMA proporciona novas maneiras no saber viver, saber envelhecer e viver diferenciadamente. Muitos trazem em seus depoimentos que a UAMA foi uma porta aberta para uma nova vida”. Afirma o coordenador.


Entre muitos dos projetos que funcionam o grupo de convivência é um deles, e tem como essência manter o elo dos antigos alunos com a instituição, além de proporcionar momentos de descontração e troca de experiência com os novos alunos. “o sucesso desse trabalho foi tão grande que os idosos não queriam mais sair da universidade. Transformaram tanto a vida que eles disseram que não queriam mais voltar pra rotina do dia a dia” afirma Manoel Freire.


Além da sede na cidade de Campina Grande, também existe nos campus II (Lagoa Seca) e Campus III (Guarabira), mas atualmente só estão funcionando as sedes do Campus I e II. No início do projeto existiam turmas apenas no turno matutino, mas a partir de sua expansão, a procura aumentou e, recentemente, foi aberta uma turma no horário da tarde, somando então, três turmas atualmente em funcionamento.


A grade curricular é bastante completa, pois, aborda temáticas como saúde completa, letras, direito, turismo, meio ambiente, entre outros, apresentando grande destaque entre outras instituições que trabalham com idosos. Pode-se dizer que a UAMA é pioneira elencando tamanha diversidade de conteúdo.

Os docentes que lecionam na UAMA são todos da própria Universidade, onde, as coordenações dos cursos mantêm contato com o coordenador geral e estas cedem a carga horária dos professores para lecionar no projeto. Existem hoje professores específicos das áreas de Enfermagem, Educação Física, Fisioterapia, Farmácia e também tem aulas de língua inglesa e espanhola.


“Desde 2013 comecei lecionando a disciplina de farmacologia pra terceira idade, com isso nós incorporamos o nosso programa de extensão onde os alunos de farmácia e enfermagem participam prestando informações sobre os medicamentos, organizando as caixinhas de medicamentos dos idosos e verificando pressão arterial e glicemia, além da Sala de Consultório, onde oferecemos esses serviços e estamos disponíveis para orientá-los coletivamente ou individualmente sobre dúvidas que surgem.”, comentou a professora Lindomar de Farias Belém do Departamento de Farmácia.

Dez anos realizando sonhos e contando histórias...

Em ano de 2019 a Universidade Aberta a Maturidade (UAMA), completou 10 anos e fomos de encontro com histórias e depoimentos que refletem o sentimento de completude que foi vivenciado ao longo dessa trajetória.


São histórias de Maria’s, Antônia’s, José’s, Fátima’s, Eurides... Todos nos recebendo com abraços de afago, olhares felizes e sorrisos cheios de palavras, mas era como se todas as palavras ditas por cada um deles não fossem capazes de expressar a imensidão de alegria que carregavam no peito simplesmente, pelo fato de ser UAMA, de estar na UAMA realizando sonhos...


Escrevemos aqui cada palavra afirmando a nossa sorte de adentrar e conhecer histórias com a de Dona Antônia de 83 anos que, voltou a estudar depois que ficou viúva, hoje frequentando a convivência, não parou na vida, e além de se formar na UAMA, atualmente, ela tem aulas de francês, aulas de violão e, também de pintura.


A de Seu José Batista de Lima (63) que voltou a se empolgar com os estudos, “a minha realidade é diferente de muitos aqui, depois de 29 anos longe da sala de aula eu voltei a estudar o terceiro ano, cheguei a prestar vestibular pra História, mas não passei. O meu sonho era frequentar uma Universidade. [...] a coisa melhor do mundo é a gente fazer amizade, porque através de uma pessoa você consegue informações que você não sabia, através de uma pessoa eu fiz a matrícula e estou aqui”.


Bem como relatos de filhos de idosos que participam da UAMA, que contam com muita alegria o quanto a Universidade mudou a vida de seus pais. Um exemplo disso é Roseane Dantas dos Santos. Sua mãe, Francisca Dantas, foi aluna da UAMA e hoje faz parte da convivência. Dona Teté, como é conhecida, iniciou os estudos na Universidade aberta a maturidade no ano de 2013 e formou-se em 2015. Sua filha relata que quando ela iniciou os estudos estava com diagnóstico de câncer de mama, mas conciliava o tratamento com as aulas. A interação nas aulas, afetividade e socialização ajudaram Francisca no tratamento e ela foi curada do câncer.

Histórias que envolvem realizações de sonhos que antes pareciam impossíveis, superações de doenças físicas e psicológicas, e também a oportunidade de voltar a se sentir importante, pois o que sempre escutamos por aí quando se trata da melhor idade, do ser idoso, são relatos de abandono, relatos de descaso e, para abrirmos bem os nossos olhos e enxergar a realidade, basta fazer visitas a lares de acolhimento aos idosos (asilos), onde o cuidado não deixa de ser prioridade, mas por vezes o esquecimento se faz primeiro em tantas dessas vidas que têm tantas histórias para compartilhar.


A UAMA, sem sombra de dúvidas, traz oportunidades e revigora vidas, fortalece a confiança dos alunos e essa valorização do idoso nos força a pensar que estamos envelhecendo, é o que alerta a Professora de Direito e Cidadania Glauce Jácome “Envelhecimento muita gente pensa que é só a partir dos 60 anos, mas começa ao nascer, é preciso trabalhar melhor essa questão da velhice porque há muito preconceito com relação ao velho, então se desde cedo os adolescentes já começarem a perceber que envelhecimento é uma perspectiva muito boa por sinal, então já começam a valorizar a pessoa humana nesse sentido”.


As turmas já se organizam para a formatura no mês de dezembro, a alegria da realização de um sonho e a ânsia pelo diploma já brilham nos olhos desses estudantes exemplares. “A festa da gente vai ser uma coisa sensacional, uma coisa inesquecível, vamos ter a filmagem, fotografia, vamos ter DJ, vamos ter conjunto, comida, bebida, uma festa pra mil pessoas, valsa... é uma coisa que eu nunca tive”, José Batista (63). “Eu tenho três filhos e uma neta, já formei todos e todos tem lá o retrato de formatura em cima do meu móvel e eu digo – o meu um dia vai praí”. Eurides Fernandes Monteiro (82).


Vai sim seu José! Vai sim dona Eurides! A vida começa e recomeça a partir dos sonhos que ressuscitamos e realizamos.

 

Ficha Técnica

Monitoria: Willy Araújo

Supervisão editorial: Rostand Melo


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