Fotografia feita por: Sabrina Silva / ColetivoF8
Remilson Vieira nasceu em Cacimba de Dentro, na Paraíba, no dia 15 de junho de 1976. De uma família humilde, começou a trabalhar aos dez anos no roçado. Lá, plantava milho e feijão com o objetivo de conseguir ajudar a sua avó que, somado a ele, criava mais nove netos. Com essas plantações, na época o menino conseguiu colher 16 sacos de feijão, vendeu todos e comprou sua própria bicicleta com o dinheiro arrecadado.
Mas, não havia como dar conta da sua vida escolar e de trabalho precoce. Por esse motivo, não pôde continuar na escola quando novo. Ou estudava, ou trabalhava.
Aos quatorze 14 anos, foi para uma usina exercer a função de cortador de cana-de-açúcar. Entretanto, era tão magro que o colocaram para cozinhar ‘’ficaram com dó do meu tamanho e por ser muito magro’’, diz ele. Após um tempo, o menino foi para João Pessoa - capital do estado da Paraíba - cuidar da jardinagem na casa de uma madame, de seus cachorros e fazendo limpezas gerais.
Com 17 anos, foi para São Paulo e iniciou na área da construção civil: ‘’Fiquei lá trabalhando como servente de pedreiro, foi quando comecei a mexer com obras, fazendo massa, concreto [...] Gostei demais da profissão, aprendi bastante coisa e dois anos depois já era profissional’’, conta o cacimbense.
Sua avó residia em uma pequena casa de taipa na Paraíba. Remilson vendeu sua bicicleta e conseguiu comprar madeiras e telhas. Ademais, utilizou o dinheiro que ganhou trabalhando em São Paulo para comprar o restante dos materiais e construir uma casa de alvenaria para ela. ‘’Era um dos meus sonhos. Todas as casas na nossa cidade eram de alvenaria, só a nossa de taipa’’.
Sua caminhada já estava extensa mesmo com pouca idade. Foram idas e vindas para a cidade mais populosa do Brasil. No total, seis viagens de 1994 a 2008 (sempre trabalhando como pedreiro). Contudo, tinha vontade de ir para o Rio de Janeiro. E assim fez. Arrumou suas malas e, mesmo sem conhecer ninguém, foi para a cidade maravilhosa com a sua fé em Deus e a coragem.
‘’Fiquei desempregado por alguns meses, não tinha nenhum familiar para me ajudar. Tentei fazer uns bicos na comunidade e só depois apareceu um emprego numa construtora como ladrilheiro. Andava de bicicleta 60km todos os dias para ir e vir. Mas, me mandaram embora em pouquíssimo tempo [...] Quase entrei em depressão, foi muito triste’’.
Remilson conta que encontrou uma esperança no Hotel Windsor em Copacabana, onde ficou empregado por 3 anos.
’'Entrei lá como pedreiro, porém observava bastante as conversas dos superiores e percebi que estavam precisando de empreiteiro. Pedi demissão e abri a minha própria empresa, a Serc. Conversei e ofereci os meus serviços para o engenheiro e ele riu. Disse que em menos de dois meses, estaria novamente no hotel assinando a minha carteira...'’
De início, assim que abriu a sua empresa, o paraibano prestava serviços em bairros de classe média como: Freguesia, Taquara e Pechincha. No entanto, seus sonhos eram muito maiores.
‘’Falei diretamente com o dono do Hotel Windsor. Tinha feito um acabamento de um hotel todo sozinho, ele lembrou e me deu uma oportunidade. A proposta era muito boa. Foi aí que consegui assinar o primeiro grande contrato’’.
Reprodução: Facebook
Em um crescimento constante, obteve a marca de 110 funcionários registrados em sua empreiteira e não demorou muito para outras empresas procurá-lo, tais quais: Ambev, Odebrecht, Rio Verde e Sig Engenharia.
Reprodução: Facebook
Hoje, com 44 anos, possui sua renda estabilizada e tem três prédios localizados na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ele lembra as dificuldades que teve em sua vida como também a sua força para continuar. Além disso, o paraibano voltou a estudar. Remilson conseguiu realizar seus sonhos - algo que jamais imaginava - e aconselha:
''Se você tem um sonho, não desista dele. É difícil. O caminho pode ser longo e sempre com muito trabalho duro, mas no final, irá ser recompensado de alguma forma’’.
Fotografia feita por: Sabrina Silva / ColetivoF8
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FICHA TÉCNICA:
Fotografia, Pós-Produção e Redação: Sabrina Silva
Monitoria e redes sociais: Manoel Cândido , Josineide Barbosa e Louise Viana
Supervisão editorial: Rostand Melo
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