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  • Ernandes Silva, Eduardo Gomes, Jackson Rodrigues

O consumo e o colecionismo de mídias físicas na era do streaming



Residente na cidade de Toritama, conhecida também como a Capital do Jeans, no estado de Pernambuco, Phyllypee Santana é jornalista e amante da sétima arte. E como todo cinéfilo do século passado ou pré-streaming, Phyllypee, aos 29 anos, tem a sua própria coleção de filmes em formato físico.


Sua coleção reúne diversos diretores do mundo todo, filmes de diferentes gêneros e muitas décadas do cinema. Todos esses filmes estão em formato de fitas VHSs, DVDs e Blu-rays. O que é de impressionar não somente outros cinéfilos e colecionadores, mas qualquer um que a veja. Um notável acervo que continua a crescer diariamente.


Qual foi o seu primeiro contato com filmes?

Acredito que o consumo consciente de filmes aconteceu por volta dos 9 anos de idade. Nos bons tempos das locadoras, sempre ia lá nos finais de semana para alugar filmes e aí começou minha paixão pelo cinema.


O que te motivou a começar a sua coleção e como ela começou?

Começou muito cedo, assim que aprendi a gravar meus próprios VHS. Era muito comum na época comprar VHSs virgens e gravar filmes que estivessem passando na TV aberta. Meu primeiro VHS comprado para a coleção foi o filme “Moulin Rouge! Amor em Vermelho” (2001). Foi aí que minha coleção teve um início e hoje tenho por volta de 2.700 filmes em mídia física (VHS, DVD e Blu-ray).


Quais foram os primeiros itens da sua coleção?

Como coleciono mídias físicas em geral, então vou citar o primeiro de cada formato. Em VHS foi o filme “Moulin Rouge! Amor em Vermelho” (2001); em DVD foi o “O Casamento do meu melhor amigo” (1997), e em Blu-ray, o primeiro foi “A Noviça Rebelde” (1965).



Quais são os DVDs favoritos da sua coleção?

Muitos! Escolher apenas um seria meio injusto. Alguns vão se tornando importantes por alguma situação especifica, outros pela dificuldade que foi comprá-lo e assim vão se tornando os favoritos. Posso dizer que tenho um top 5 de filmes que eu gosto muito na minha coleção que são os títulos: Les Chansos d’amour – Canções de amor (2007), Moulin Rouge! Amor em Vermelho (2001), La La Land: Cantando estações (2016), Bacurau (2019) e A Bruxa (2015). Existem muitos outros que poderiam ser considerados como favoritos, mas a ideia era fazer um top 5.


Quais gêneros você mais coleciona?

Minha coleção é bastante eclética, mas se for colocar na ponta do lápis provavelmente terror vai vencer. Mas gosto bastante de musicais, comédias, romances e filmes clássicos em geral, sabe aquelas produções dos anos 1930 até por volta dos anos 1980? Esses filmes, independente do seu gênero, me chamam bastante atenção.


Há algum item raro nela?

Muitos! O mercado de mídia física é bastante cíclico, e nos dias atuais, as tiragens cada vez mais limitadas fazem com que muitos títulos se tornem raros. O exemplo mais recente: A Disney cancelou a mídia física na América latina, então automaticamente os filmes da Disney já estão raros e suas primeiras edições que eram enluvadas, por exemplo, já são bastante raras no mercado.


Comprar Blu-rays e DVDs é um hobby vintage atualmente?

Penso que nem tão vintage assim, é mais uma questão de caça mesmo. Você tem que saber onde procurar, pesquisar, principalmente a questão de valores. Mas o mais importante é amar a mídia física, o cinema em si, e ter prazer no colecionismo. Esses são elementos que fazem valer a pena o ato de colecionar. É aproveitar os pequenos momentos de felicidade em que pegamos aquela mídia para assistir e tal.


Vale a pena comprar DVDs e Blu-rays hoje em dia?

Com certeza, mas depende muito do gênero cinematográfico que você consome. Nos serviços de streaming, por exemplo, dificilmente você irá encontrar um filme com data de lançamento abaixo dos anos 1990, com ressalvas para grandes clássicos. Mesmo assim, esses “grandes clássicos” não ficam eternamente disponíveis nos serviços de streaming, pois os contratos de exibição tem um período vigência. E os filmes do catálogo podem ser removidos a qualquer momento e sem aviso prévio, então ter esses filmes em mídia física é uma forma segura de ter essas obras sempre à mão.


Os serviços de streamings vão acabar com as produções de DVDs e Blu-rays?

Assim como os jornais impressos resistem até hoje, a mídia física também permanecerá em paralelo. Num mercado cada vez mais de nicho, é claro. Colecionar mídia física sempre foi um mercado de nicho e nos dias atuais ele vem se afunilando. Porém, não vejo o streaming como o fim da mídia física e sim como um mercado paralelo.



O que diz sobre esse tipo de mídia estar cada vez mais escasso e menos procurado?

O ano de 2020 está marcado como ano da mídia física no Brasil, conhecido por muitos como a “festa do catálogo”, muitos filmes inéditos em mídia física foram lançados em 2020, muitos deles em Blu-ray principalmente relançamentos de títulos que tinham saído aqui apenas em DVD e estavam bastante raros no mercado.


Você acha que há alguma forma de continuarem a produzir essa mídia física com a ascensão do streaming? Como?

Como expliquei antes, o mercado da mídia física é um nicho, e cada vez mais esse mercado vai se afunilando. A ascensão do streaming também pode ser um ponto negativo. Afinal, quantas assinaturas mensais serão necessárias para acompanhar os novos serviços de streaming? Por isso é tão importante os “originais” de cada streaming e essas empresas vêm investindo cada vez mais nas produções originais de seus catálogos. Então, eu vejo mercados paralelos que irão funcionar nem sempre em conjunto, não na mesma medida. Porém, quem consome mídia física continuará consumindo esse formato o que não o impede de também consumir o streaming.


Prefere assistir a um filme no DVD ou no streaming?

É uma boa pergunta! Normalmente eu só assisto produções originais ou algum título nos serviços de streaming que não tenha em mídia física. Se eu o tiver em mídia, então eu opto por assistir pela minha mídia mesmo.

 

FICHA TÉCNICA

Fotografias e redação: Ernandes Silva

Entrevistado: Phyllypee Santana

Monitoria: Andresa Costa

Supervisão editorial: Rostand Melo e Ada Guedes.


*Retratos remotos:

O Coletivo F8 optou por produzir retratos no formato de “ensaios remotos” durante a pandemia como forma de manter a produção dos estudantes de fotojornalismo da UEPB, respeitando os protocolos de distanciamento social. Os retratos remotos são ensaios onde os fotógrafos dirigem a cena “à distância”, por meio do uso de celulares ou outros dispositivos conectados via internet. Cada ensaio apresenta o personagem retratado com uma reportagem perfil ou entrevista.



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