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  • Bruna Araújo

O cotidiano de uma artista local: entrevista com Amanda Guedes

Aos 21 anos, a artista plástica campinense transformou um ambiente de bate-papo virtual em uma verdadeira exposição artística.

FOTO: Bruna Araújo (via FaceTime)

Nascida em 7 de julho de 1999, Amanda Guedes Bezerra, estudante do curso de Design pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), destacou que, desde a sua infância, demonstrava interesse por produções artísticas. Atualmente concorrendo ao Prêmio da Economia Criativa de João Pessoa e com seu trabalho exposto no projeto Mostra Tua Arte, a campinense revela suas inspirações e planos para o futuro, enfatizando também a importância da valorização de artistas locais. Confira a entrevista:

PRIMEIROS ANOS: Como surgiu sua paixão pela arte? Você sempre se enxergou como artista?

Eu sempre tive uma ligação muito forte com a arte. Cresci vendo meu pai desenhando e ele foi uma influência muito forte para mim; Sempre gostei muito de desenhar e pintar. Antigamente não me via como artista, pois produzia apenas por hobby. Depois de um tempo fui desenvolvendo uma paixão muito forte pela arte e um desejo de me aprofundar cada vez mais neste mundo. Assim como criar a minha identidade como artista, a fim de me expressar por meio dela e deixar a minha marca no mundo.

CONTRUÇÃO ARTÍSTICA: Quais são suas principais influências? Nomes importantes que você admira.

Susano Correia, Hayao Miyazaki, Luna Buschinelli, Henn Kim e Van Gogh. Eu procuro sempre acompanhar artistas de vários estilos diferentes, é enriquecedor pra mim de alguma forma. Também faço reflexões sobre as questões do ser e os sentimentos. Gosto muito de ler sobre psicologia e prestigiar produções que abordam esses temas.

OBLIVION ARTS: Você divulga seu trabalho em uma página exclusiva no Instagram. Intitulada Oblivion Arts, como esse título surgiu?

Além da junção dos nomes ser de fácil memorização e interessante esteticamente. O termo oblivion significa destruição, e arte pra mim é criação. Eu quis fazer esse jogo de palavras opostas.

TEMÁTICAS: Você diria que sua arte é baseada em alguma temática? Você tem vontade de criar uma exposição sobre um único tema?

Minha arte é baseada nos sentimentos humanos, principalmente no amor. Pretendo fazer uma exposição sobre essa temática no ano de 2021.Também gosto muito de pintar/ilustrar filmes e animes que gosto.





CARACTERÍSTICAS: Você definiria suas obras como realistas, simbólicas, abstratas ou um grande misto? Gostaria de seguir um único segmento?

Não gosto de definir minha arte em um único segmento, pois acredito que estou em constante mudança e aprendizado. Porém, acredito que estou seguindo uma vertente mais simbolista no momento, e me identifico bastante com ela.


DESTAQUES: Qual o momento mais marcante em sua carreira?

Eu diria que agora estou passando por uma fase muito importante na minha carreira e está sendo marcante pra mim, pois estou investindo cada vez mais em minha arte, conhecendo outros artistas incríveis e me destacando no meio. Esse processo todo está sendo muito bom pra mim e sinto que estou aprendendo e crescendo bastante.

A OBRA RESILIÊNCIA: A produção que concorre ao Prêmio da Economia Criativa de João Pessoa, apresenta uma simbologia única e diferenciada das anteriores. Sobre o seu contexto, como você a definiria em relação a estética e a subjetividade? Como ela foi produzida?

O objetivo dessa pintura é confortar o coração das pessoas e transmitir uma mensagem de esperança, com o intuito de transportar o observador para uma atmosfera de sentimentos positivos em meio a todo esse caos que estamos vivendo. Ela possui uma tecnologia de realidade aumentada, na qual utilizando o aplicativo Artivive, o observador pode tornar a experiência mais imersiva além do que se vê pessoalmente: ao direcionar o celular para a arte, ela entra em movimento e ganha vida. Carregando valor sentimental e regional, a obra foi inspirada na energizante música “Um pequeno xote” do grande artista paraibano Zé Ramalho, na qual fala sobre a importância da felicidade, saudade e vontade de viver. Apresenta figuras da cultura nordestina como a flor de mandacaru, galo de campina, borboletas do sertão, sol intenso da Paraíba, mãos dadas, raios solares e cores vibrantes, elementos esses que simbolizam esperança, resistência, liberdade, paz, cura, acalento, felicidade, amor, companhia e solidariedade. Desse modo, a obra tem como objetivo estimular e impulsionar esses sentimentos positivos, nos quais são relativos a cada pessoa que está observando. Há uma máxima em que diz que ser resiliente é ter dentro de si um sol que nunca se põe e essa pintura tem como finalidade trazer luz aos momentos de caos, aquecer o coração de quem estiver observando e servir como um lembrete de que sim, tudo vai passar.


Confira o slideshow com a obra "Resiliência":


A TELA E MÚSICA: Você já criou capas pra singles, como foi essa experiência?

Sim! no início do ano de 2019 eu fui convidada pelo DJ Naja, natural de Campina Grande, pra elaborar a capa do single dele. Eu estava me familiarizando novamente com o mundo da pintura na época e foi um desafio bem legal pra mim. Gostei bastante da experiência. Expressar por meio de uma arte o que senti na música foi um processo muito interessante.

ARTE DIGITAL: Sobre suas artes digitais, você vai investir nesse tipo de conteúdo também?

Sim, pretendo investir. Estou buscando me especializar e aprender mais sobre os softwares de ilustração digital.

ATUALIDADE: O que você tem a dizer sobre os ataques que a arte e o artista sofrem?

Eu acredito que isso parte de pessoas que possuem uma mentalidade fechada, e não entendem a importância da arte para o mundo. É muito triste que ainda existem pessoas com pensamentos retrógrados dessa forma em pleno século XXI.

ARTE LOCAL: Sabemos que artistas locais precisam de divulgação e valorização, o você gostaria de salientar para pessoas que não consomem esse tipo de arte?

Aparentemente as pessoas naturalmente possuem uma forte tendência em valorizar o que vem de fora, acredito que seja algo cultural. Com isso muitas pessoas esquecem que na própria cidade existem artistas muito talentosos, que não possuem tanta visibilidade e que deveriam ser valorizados. Temos que aprender a valorizar o que está sendo produzido em nossa própria região.




NOVIDADES: Quais os seus projetos para o futuro?

Pretendo me aventurar mais nesse mundo de pintar telas grandes, pois antes tinha o costume de pintar em telas de no máximo 30x30cm. Também pretendo lançar uma linha de camisetas estampadas com algumas das minhas artes, para ainda este ano.

IMPACTO: O que você busca transmitir em suas obras?

Minha arte tem como objetivo provocar reflexões no observador a respeito da temática abordada e transmitir um misto de sensações/sentimentos, nos quais são relativos a cada pessoa. Eu vejo a arte como um "portal" que transporta o observador para outro mundo.

 

FICHA TÉCNICA:

Fotografia e Reportagem: Bruna Araújo

Pós-produção: Bruna Araújo

Monitoria: Oma Roxana

Supervisão Editorial: Rostand Melo


*Retratos remotos:

O Coletivo F8 optou por produzir retratos no formato de “ensaios remotos” durante a pandemia como forma de manter a produção dos estudantes de fotojornalismo da UEPB, respeitando os protocolos de distanciamento social. Os retratos remotos são ensaios onde os fotógrafos dirigem a cena “à distância”, por meio do uso de celulares ou outros dispositivos conectados via internet. Cada ensaio apresenta o personagem retratado com uma reportagem perfil ou entrevista.

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