O ano de 2024 trouxe consigo destruição e caos por todos os lados, já era previsto que o aquecimento global fosse desencadear diversos problemas, mas para muitos, não se esperava que seria tão cedo assim. As chuvas vieram com força e sede por destruição, tal qual um aviso para os que achavam que era piada cuidar do planeta.
Altos níveis de água, enchentes, alagamentos, pessoas perdendo seus bens e até familiares, perdendo uma vida, que lhes foi roubada sem aviso ou sinal de alerta. Em muitos lugares, uma destruição sem fim e Campina Grande - PB, vem agora trazendo consigo um medo e uma população desesperada e ansiosa pelo pior.
O bairro Bodocongó, tão belo e cheio de história, vem sendo palco de muitas calamidades, não é de hoje que a população exige uma melhora no saneamento básico do local e pedem para que o Canal, prometido há anos, seja por fim, concluído, mas atualmente, com os temporais, a necessidade é ainda maior. As chuvas fortes acabaram trazendo um cenário de destruição para muitas pessoas, vários bairros foram alagados e pertences foram destruídos.
“É muito revoltante, nós nunca estamos preparados para quando virá uma chuva, sabemos como Campina é imprevisível e as últimas chuvas vieram do nada. Amigos meus perderam itens e tiveram a casa alagada.” – Disse Yasmin, moradora local.
“Desde que me entendo por gente que falam que vão finalizar a construção do canal, mas passa-se ano, vem chuva e a situação permanece. É uma situação de descaso público, é revoltante e afeta a vida de muitas pessoas.”
Além das obras incompletas e pouca assistência da gestão, moradores também denunciam a falta de conscientização da população que deixam lixo e entulhos em locais inapropriados, gerando além do mau cheiro e sensação de abandono, o entupimento das galerias d'água atrapalhando o escoamento das chuvas. Toda essa situação causa revolta para aqueles que fazem a sua parte e sofrem com a irresponsabilidade do outro.
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Em entrevista com um trabalhador local, podemos entender como essas atitudes prejudicam toda a comunidade: “O trabalho da Sesuma é feito, sempre estão mandando máquinas, mas quem precisa se conscientizar são as pessoas. A coleta de lixo é feita toda semana, sem falta, nas terças, quintas e sábados. O que precisa melhorar é a consciência do povo. Um dos motivos pro canal ter transbordado é que a água quer passagem, mas essa foi obstruída por lixo, sofás, colchões e outras coisas. As pessoas são egoístas e só pensam em si mesmas, é nisso que dá.”
Segundo os relatos, a Sesuma realiza a coleta periodicamente toda semana, mas parece não ser o suficiente, dado tamanho acúmulo de lixo que se encontra nas redondezas do canal.
Muitos moradores expressaram indignação com a falta de investimento em saneamento básico e saúde para os cidadãos e comentaram quanto ao excesso de recursos para a revitalização do Parque Evaldo Cruz (Açude Novo) e ampliação do Parque do Povo:
“É necessário priorizar os bairros, porque vemos as prioridades em outros lugares, como a obra do Parque do Povo, totalmente do nada. Nesse período CG dá muito holofote pras festas e esquece do restante.”
Duas moradoras que estavam passando pela região discutiram sobre os feitos dos Parques e como essa ação embelezava a cidade, mas era uma obra para turistas.
Sempre que o mês de junho chega, não é só o frio e o clima chuvoso que ele traz, mas também o São João, e com isso o foco da gestão sempre é a grande festa, já que a Rainha da Borborema é anfitriã dO Maior São João do Mundo. Claro que esse é um título importante e que a cultura e lazer necessitam de atenção e cuidado, mas e quanto aos habitantes que passam todos os dias do ano esperando uma atitude? Os turistas se divertem com uma grande festa e os residentes colocam a mão na cabeça com temor do que a próxima chuva trará e se terão uma vida saudável nos próximos meses.
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Diante de diversas reclamações, a população vem expressando seu desejo por mudança, impulsionado pelo empréstimo milionário feito pelo atual prefeito Bruno Cunha Lima, que promete não só concluir a obra do Canal do Bodocongó, mas também a orla do açude de Bodocongó e investir em saúde, educação e inúmeras propostas.
Claro que dúvidas surgem e a população se questiona como que todos esses projetos serão realizados em ano de eleição e se serão, de fato, executadas.
Juntando a sujeira e a situação precária que os indivíduos do bairro têm lidado, ainda é possível registrar alguns casos de bueiros estourados e em total negligência, podendo causar acidentes e levar doenças para os próximos. Enfatizando cada vez mais a necessidade de atenção e cautela com o bairro.
Apesar das inúmeras tentativas, entrar em contato com a SESUMA (Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente) e com o próprio secretário não foi possível e um depoimento oficial não foi dado.
A opinião da população se divide entre aqueles que acreditam que a culpa é da gestão, e aqueles que acham que a culpa é dos próprios moradores, mas procurar culpado não resolve o problema e essa situação não pode continuar. É um trabalho em conjunto e constante, sempre haverá quem culpar, mas é necessário que exista alguém para solucionar. A falta de saneamento básico só causa transtornos e danos para a vida de toda uma comunidade que se vê refém das águas.
EXPEDIENTE
Fotografia, Reportagem e texto: Cristiane Sales e Gustavo Alexandre
Monitoria: Briza Cunha
Supervisão Editorial: Cidoval Morais e Rostand Melo
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