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"Tudo em busca de um sonho": O breakdance através das lentes

  • joaobelchior9
  • 13 de mai.
  • 4 min de leitura

O Breaking é um estilo de dança de rua nascido no Bronx em Nova York durante os anos 1970. Seu estilo de dança faz parte da cultura do Hip Hop, sendo criado pelas comunidades negras e latinas, tendo uma grande relevância social, cultural e política. No seu início era uma das alternativas para que jovens não entrassem em gangues de rua que tomavam conta de Nova York naquela época.


No Brasil, o Breaking chegou em meados dos anos 1980, mais precisamente nas ruas de São Paulo. Foi na estação São Bento onde se tornou o principal ponto desses encontros. Inicialmente essa influência vinha, principalmente, por meio das mídias, como videoclipes, revistas, notícias e também com a vinda de grupos musicais norte-americanos que faziam shows no país.


Nelson Triunfo, por exemplo, foi um dos pioneiros do Breakdance no Brasil fazendo suas apresentações em São Paulo e contribuindo assim para a popularização e criação dos primeiros grupos de dança de rua no país. Seu estilo envolve muitos giros, saltos, acrobacias e requer um bom preparo muscular. Atualmente sendo praticado em todo o mundo, com dançarinos profissionais disputando torneios dentro e fora do país. O Breaking foi incluído como uma das modalidades dos Jogos Olímpicos realizados na França em 2024.



O Roça City Breakers é um grupo de danças urbanas da Paraíba que mistura o hip-hop e o breakdance. É formado atualmente pelo Wanderson Buck de 29 anos, natural de Campina Grande, pelo André Silva de 28 anos, natural de Esperança e pelo Jefferson Araújo de 33, natural de Lagoa de Roça. Juntos desde 2008, o grupo vem lutando por visibilidade no cenário da dança.


O grupo já participou e diversos campeonatos por todo o Brasil e foram vencedores da edição 2015 do programa Dom Dança da TV Itararé, mas ainda assim, sentem no dia a dia as dificuldades de quem quer viver de arte no nosso país. Apesar dos obstáculos, preconceito, pouco apoio; o grupo continua levando arte e cultura dentro e fora da Paraíba. Conversamos com os meninos para entender um pouco mais desse amor pela arte e quais os próximos passos do Roça City Breakers.


Como foi o primeiro contato com a dança?

André: - Antes de começar a dançar hip-hop, eu já dançava capoeira, e através de um DVD do Red Bull BC one de 2005, eu conheci o Break. Um competidor que me chamou a atenção foi o Pelézinho, que competiu internacionalmente e que hoje em dia me inspira a conseguir realizar esse sonho que é competir a nível internacional, já fazem 14 anos que eu danço.



Vocês acham que ainda existe preconceito com quem vive da arte, da dança de rua?

Jefferson: - O Hip Hop ainda sofre preconceito, pela questão de não ser uma cultura do Brasil; lá fora é tipo, uma religião, uma matéria escolar. Aqui no Brasil não é tratado assim, é como "tanto faz, se você tem um sonho você siga então", acho que o Hip Hop, é uma função que dá oportunidades às pessoas.


Como a dança impactou a vida de vocês?

Jefferson: - Quando terminei meus estudos, meu foco era investir ainda mais na dança, porque eu vi que aquilo tinha o poder de transformar a vida de uma pessoa, que eu poderia trabalhar, ganhar dinheiro, crescer, ter meus patrimônios e ajudar outras pessoas. Quando comecei a dança eu era o pior dançarino do grupo, mas não desisti e levei ainda mais a sério e formei o Roça City que vem se destacando pelo Brasil.


Como vocês custeiam as viagens, as participações nos campeonatos? Existe algum apoio?

André: - Nós fazemos campanhas, através das redes sociais, para que os nossos seguidores ajudem. A prefeitura ajuda raramente, às vezes com as passagens, mas o resto, taxas de inscrição, hospedagem, alimentação, é a gente que tem que correr atrás.

Jefferson: - Só a gente sabe a ansiedade que é viajar para outros estados e ter que fazer sinal, dançar em metrô pra conseguir o dinheiro de pousada. Se não conseguir vai ficar pela rua, vai ficar pelas rodoviárias. Tudo em busca do sonho. Tem o sofrimento e tem a parte boa.



Que mensagem vocês deixariam para os jovens que também sonham sem seguir carreira com a dança de rua?

Wanderson: - A ideia que eu quero deixar é a seguinte: Se você tem um sonho, pode parecer até clichê isso, mas não desista; porque uma das coisas que o hip hop me fez pensar e refletir como pessoa foi sobre minha identidade sabe? É um movimento que além de cultura, mostra que você tem voz, tem vez. É um movimento que fortalece quem é oprimido tá entendendo? Por mais que seja da rua, uma cultura de rua, mas não é assim de bolo, não é uma coisa tanto faz sabe? Tem todo um respeito, a disciplina faz com que a gente reflita sobre a vida. Uma das coisas que o hip hop ensina, é que a gente pregue a paz, é uma dança que pode parecer agressiva, mas a mensagem é de paz. E que isso possa passar por várias gerações sabe? Porque, infelizmente, a maioria… dos adolescentes, dos jovens, estão se perdendo pro crime, e é ali, na periferia, que esperamos que o movimento cultural, a dança, a arte, possam ensinar.


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Expediente:

Entrevista e texto: Letícia, Ana Luiza, Joedna e João Paulo

Supervisão editorial: Rostand Melo

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Jeferson
13 de mai.
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