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Caminhos de coragem: Edvânia Queirós, a arte de recomeçar e o dom de partilhar

  • coletivof8noite
  • há 23 horas
  • 4 min de leitura

Foto: Micaelly Ramos
Foto: Micaelly Ramos

Nascida em Barbalha, município do Ceará, Francisca Edvânia Pereira Queirós Dias é o retrato da força e resiliência. Criada em Milagres, no interior do estado, conduziu sua vida em busca de novas oportunidades e focada nisso saiu de casa aos 13 anos de idade. Depois de morar por um tempo em Brasília, Distrito Federal, fixou moradia em Campina Grande, na Paraíba, onde atua como empresária.


Ativista e mãe atípica, Edvânia é a anfitriã de um evento que acontecerá nos dias 23 e 24 de maio, no Mundo Plaza Mall. É a "Imersão 5 pilares da vida autista", que vai debater temas como Educação, Saúde, Família, Leis e Desenvolvimento Pessoal.


TRAJETÓRIA

Foi aos 17 anos que Edvânia chegou à Rainha da Borborema instigada pela vontade de recomeçar. “Lembro do impacto que foi ver o Açude Velho. Ter um açude dentro de uma cidade era algo muito peculiar para mim", relembrou. Campina Grande foi o berço de sua trajetória profissional e pessoal. Aqui ela casou, constituiu família, teve dois filhos e fundou sua própria empresa, a Atitude Conectar e Solucionar, especializada na administração de condomínios.

 

Antes de começar a empreender, desempenhou diferentes atividades, de estoquista a gerente de loja. Trabalhar para se estabelecer profissionalmente e financeiramente era o seu foco. As vivências em áreas diversas também lhe deram a sensibilidade rara para lidar com pessoas, algo que se revelaria essencial nos capítulos mais desafiadores de sua vida.


“Sempre tive o desejo de não retornar, prefiro fracassar do que desistir”
Foto: Eduarda Queirós
Foto: Eduarda Queirós

Com o nascimento de Davi, seu filho caçula, ela viu sua vida entrar em outra perspectiva. O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) veio quando o garoto tinha três anos de idade, mas os sinais — e as dores — vieram muito antes. A falta de informação e um direcionamento médico equivocado na busca por um diagnóstico conduziram a exames desnecessários que quase levaram o pequeno Davi à morte. A mãe compartilha que a sobrevivência dele foi um verdadeiro milagre.






“Por um diagnóstico errado com método errado, Davi foi medicado, teve hipotermia e foi pra UTI praticamente morto, onde ficou três dias. Os órgãos começaram a parar foi uma aflição enorme, mas graças a Deus e aos médicos, ele voltou”.

 

O episódio reconfigurou sua vida, estabeleceu novas prioridades e despertou em Edvânia a vontade de agir em prol de outras mães que, assim como ela, precisam de uma rede de apoio e partilha de experiências. “Eu percebi a necessidade de ajudar quando olhei ao meu redor e não encontrei ninguém com informações sobre o autismo.”

 

O impacto emocional se somou ao caos da rotina. Se adaptando à nova realidade, precisou dissolver uma sociedade empresarial de 12 anos e reconfigurar toda a sua empresa. “Teria que assumir outras posições para cuidar do meu filho, da casa, da filha com síndrome do pânico, do casamento. Foi uma decisão difícil, com muitas consequências.”

 

Em meio às turbulências, encontrou refúgio na fé para continuar. A espiritualidade, que sempre fez parte de sua vida, ganhou raízes mais profundas quando se viu excluída dos espaços que visitava com naturalidade.


“Passei quase um ano fora da igreja, sentada do lado de fora porque ele não conseguia lidar com o ambiente cheio de pessoas. Foi aí que percebi que precisava fazer algo para ajudar outras famílias”.

Foto: Rafael Viturino
Foto: Rafael Viturino

 

Foi desse incômodo que surgiu a motivação de agir. Em janeiro de 2025 seu livro intitulado Do Temor à Fé: de uma mãe atípica para mães atípicas foi aceito por uma editora. A obra reúne relatos, reflexões e orientações para mulheres que, como ela, se deparam com o inesperado e precisam aprender a renascer todos os dias.

 

O livro será publicado no primeiro semestre de 2025, a ideia é que seja divulgado nos dias 23/05 e 24/05 durante congresso por ela idealizado. Parte da arrecadação do livro será destinada para a criação de espaços sensoriais em instituições religiosas e a capacitação dos professores. O objetivo é tornar os espaços de fé mais inclusivos para famílias com autistas.

 

Além da publicação e das palestras que com frequência confere, Edvânia tem o projeto de um podcast com foco na maternidade atípica. Quatro episódios já estão gravados e as ideias não param de surgir, refletindo a dinâmica de entrega e intensidade como características típicas dessa mãe atípica que tem se tornado uma voz potente e ativa na causa autista.

 

“Tenho novos projetos em relação a essa missão sobre o autismo, está muito atrelado a uma nova modalidade de viver e trabalhar. Quero me posicionar, realizar ações que façam a diferença na sociedade e para aqueles que estão perto de mim também.”





EXPEDIENTE

Entrevista: Micaelly Ramos

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