Ramon Salles: a história do poeta pernambucano declamada na cultura campinense
- Ednaldo Gonçalves, João Pedro Alves, Yan Rikelme
- 17 de jun.
- 5 min de leitura

A GÊNESE DO POETA
Filho de Antônio Calisto da Silva e Josefa Augusta Sales, Ramon Sales Calisto, 31 anos, é natural de Correntes, cidade do interior Pernambucano, casado com a Jornalista Elykaelle Gois Mendes Sales (Ly Mendes), pai de dois filhos e sócio efetivo da Academia de Cordel do Vale do Paraíba, localizada em Itabaiana -PB, ocupando a cadeira número 30. Produtor de conteúdos para mídia digitais e graduando do curso de Jornalismo pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Ramon divide seu tempo entre os estudos da comunicação e a prática da poesia popular.
A carreira de poeta do pernambucano completa hoje 10 anos, com uma enorme bagagem de experiências e realizações. A identificação pela arte vem da infância e sem nenhum artista na família, pode-se dizer que foi um despertar genuíno. O primeiro contanto aconteceu na escola e eventos da cidade, como o show de calouros. Aos poucos foi demostrando seu interesse pela música e observando os versos e desenvoltura dos artistas, se imaginando ser igual.
“Eu sempre tive o desejo de dançar quadrilha, aos dez anos consegui entrar na quadrilha ‘Dancê dos Cangaceiros’, participei dela por muitos anos. Minha família foi o pilar para eu poder crescer, conhecer e me dedicar a arte”.
Além do dom para o canto e identificação com a dança, a poesia de cordel é algo central na vida de Ramon, que revela seu encantamento por essa arte. “Cara, o primeiro contato com a poesia foi em meados do ano de 2014. Em um projeto de literatura da escola Professora Clarice Godói, chamado ‘Literatura Brasileira em rimas e versos do Cordel Nordestino’. Foi desafiador! E dentro do próprio projeto, acabei escutando Jessier Quirino, poeta que admiro até hoje e me familiarizo muito com o trabalho dele”.
Ainda em sua cidade natal, Ramon se aprofundou na arte da poesia popular, criando seu próprio estilo e através de parcerias na escola, em meio a vários prêmios, nasceu o poeta que faz questão de citar suas grandes referências.
"Eu friso sempre três grandes bases para o meu crescimento: Jessier Quirino, Lirinha do Cordel do Fogo e Chico Pedrosa, inspiração maior para o mundo da declamação"

NOVOS DESAFIOS
Após anos de dedicação e exposição de seu trabalho em Correntes, Ramon em diálogo com sua esposa, Ly Mendes, decidiu seguir novos rumos e fixou residência em Campina Grande, na Paraíba. Ele explica seus motivos: "Campina Grande me trouxe para cá por dois fatores: poder conhecer a cultura paraibana, conhecer de perto o excelentíssimo trabalho do poeta Jessier Quirino e tantos outros que residem por aqui, que hoje também eu tenho a honra de ser amigo, e pelo desejo de cursar jornalismo em Campina Grande, por ser um polo estudantil gigantesco, me abriu e encantou os olhos juntamente com a poesia”.
Na mala, uma bagagem de experiência e saudade, misturada com uma vontade de se apresentar na Feira Central de Campina Grande, desejo que realizou logo e depois disso expandiu seu trabalho em diversos pontos da cidade, sendo interdisciplinar entre cultura e educação.
“Eu costumo dizer que Ramon se tornou poeta desde 2014, a partir do momento que começou a fazer aquilo por amor. Hoje, toda vez que subo no palco é como se eu estivesse subindo pela primeira vez, igual aconteceu em 2014”.
O poeta que respira arte, sempre faz coberturas de eventos culturais e se identifica com a fotografia. Pelas ruas da cidade, registra momentos e se inspira a cada detalhe que a sua sensibilidade permite ver. “Eu olho para algo e vejo uma poesia naquilo, uma fala, um sorriso, qualquer coisa. Então, isso vem do desejo de imortalizar coisas e é nisso que quero aplicar também no jornalismo, imortalizar momentos que me fazem bem, que me trazem um encantamento”.

A BASE FAMILIAR
A família foi essencial na ligação de Ramon com a arte. O pai, figura central de sua história, apesar de não ter a veia artística, sempre foi um grande incentivador. Sua representatividade é marcante na vida do poeta que mesmo vivenciando a separação dos pais aos 13 anos, preserva a admiração pelos ensinamentos e amor do seu genitor. De olhos marejados acessa as boas memórias e revela:
“É um cara que eu amo e me espelho. Mesmo ausente, foi muito presente, porque eu tinha ele comigo nas lembranças. Até hoje, eu carrego uma tatuagem de uma clave de sol no ombro. Foi graças a ele que me botou naquele show de calouros onde teve início a minha carreira e para carregar comigo um pedacinho dele, fiz esta tatuagem”.
É aos pais que credita sua participação e dedicação à dança, a capoeira, e diversas outras expressões culturais as quais se dedicou. O poeta que vive intensamente suas emoções, tem memórias marcantes destes momentos. “Olhar para o público e ver meu pai e minha mãe me assistindo foi a melhor sensação que pude ter, eu estava proporcionando esse momento para eles, foi incrível”.
A esposa é outro forte alicerce dessa construção do homem, comunicador e poeta Ramon.
“Encontrei uma pessoa que hoje me fez enxergar o mundo de uma maneira melhor, mais sábia. Ela é minha base, fortaleza, pai, mãe, filhos, melhor amiga"
O meu casamento foi o que literalmente me fez crescer. Se hoje sou o poeta que sou, é graças a ela, porque me fez seguir uma linha de raciocínio totalmente diferente da que eu tinha”.

O FUTURO
Seus projetos futuros são atravessados pela cultura e pela comunicação. “Hoje, um dos meus maiores hobbies e paixão é o ato de registrar. Eu fazia isso antes de começar a estudar jornalismo e agora que tenho as técnicas ensinadas no curso, todas as experiências me fazem ter o desejo de imortalizar momentos, principalmente na área da cultura. Acredito que estou me tornando mais jornalista do que poeta atualmente, porque estou amando essa vivência, uma construção diária que tem me permitido voar cada vez mais alto”.
Ramon hoje não é apenas mais um forasteiro na Rainha da Borborema, ele integra e fortalece uma rede cultural, marca seu nome na cidade e faz Campina se tornar grande também como lugar acolhedor de novos artistas populares.
"Eu quero fazer como 'Gilberto Ferreira' , o mestre de maracatu da minha cidade que sempre costuma dizer que os loucos abrem o caminho para mais tarde os sábios percorrerem. Então, eu quero ser o louco nessa história, quero abrir os caminhos, deixar fácil para aquelas pessoas que estão começando”
Confira mais fotos no slideshow:
EXPEDIENTE:
Fotografia: João Pedro Alves, Ednaldo Gonçalves
Texto: Ednaldo Gonçalves, João Pedro Alves, Yan Rikelme
Monitoria: Briza Luiza e Ivaneide Santos
Supervisão editorial: Ada Guedes e Rostand Melo
Agradecimentos a Agnaldo Batista - Coordenador da Feira Central (Espaço cedido)
e a jornalista Elykaelle Gois Mendes Sales. (Apoio ao ensaio fotográfico)
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