Natural de João Pessoa, mas criado em Campina Grande, no estado da Paraíba, José Robério Barbosa da Silva, vindo de uma família com predominância militar, tinha como incentivo artístico as cantorias das emboladas. Com os cantadores que, ao som enérgico e batucante do pandeiro, fazem versos métricos, rápidos e improvisados, no qual seu pai ouvia no rádio. E, desde cedo, não refutou, quando se viu ali representado com a arte musical que logo lhe agradou e também se identificou, pela maneira de trazer alegria em canções com classe nas rimas. O que seu pai não imaginava, é que o filho alguns anos mais tarde se tornaria no Condor da Paraíba.
Mesmo tendo uma forte tendência a servir os quartéis da vida, Condor prezou por sua independência e seu dom adquirido naturalmente, aos 6 anos percebeu que não precisava de muito pra fazer coisas grandes. "Todo mundo tem um dom , a gente começa sem saber a metodologia, as regras, e nem os padrões técnicos, mas as rimas tinha por de natureza".
Apesar de seus vastos anos de carreira como cantador de embolada, Robério começou a despontar durante o período estudantil, já aos 15 anos de idade, quando houve um trabalho artístico cultural na escola e se propôs a participar, pela primeira vez, em uma embolada improvisada. E após boa repercussão começou a ser convidado para apresentações em outras escolas da cidade e não deu outra: entrou em um processo de visibilidade e conhecimento, até mesmo por emboladores profissionais e renomados.
Uma de suas melhores experiências profissional se deu quando recebeu o convite pra visitar a Casa do Cantador, situada também em Campina Grande, local onde reuniam-se emboladores e repentistas, assim como violeiros e aboiadores, que se utilizam de técnicas e instrumentos diferentes para as apresentações. Lá entre idas e vindas, conheceu o mestre Lua Nova, aquele que logo mais o batizaria de Condor da Paraíba e também com quem formou dupla durante 10 anos em apresentações, shows, cantando em praças, feiras e exposições adversas.
Mas de maneira trágica, o Mestre Lua Nova faleceu acometido por um câncer. Fim da parceria! Sozinho, Condor enfrentou ali diversas dificuldades e impossibilidades de seguir na carreira. Recém casado e com filhos para criar, se ausentou um pouco daquilo que era sua grande paixão. "Foi uma parte hard da minha vivência", desabafa.
No entanto, nunca cogitou em deixar de vez a sua paixão. Condor voltou aos trabalhos alguns anos depois , a pedido de "Rouxinol" , outro embolador muito amigo daquela que foi a dupla "Lua Nova e Condor". Foi aí que desencadeou um novo momento significativo em sua trajetória, agora mais inspiradora pelo nordeste. Assim como o próprio pássaro. "O condor é o maior pássaro de rapina do planeta" . Condor da Paraíba criou um canal no YouTube e passou a enveredar como embolador contemporâneo.
Em 2022, Condor da Paraíba tem 36 anos e canta sozinho. Possui trabalhos de sua própria autoria, é um artista popular que produz e declama versos, poemas, histórias ou folhetos seguindo as técnicas da literatura de cordel. Ao ser questionado sobre o que o torna ser o profissional que é hoje, ele esplana:
Não vou parar de cantar pra gostinho de ninguém.
Se cantar me faz bem, por que danado eu parar.
Quando a morte me levar, minha rima é encerrada , aí sim é sepultada!
Mas enquanto eu viver, prazer em conhecer, o meu nome é embolada.
FICHA TÉCNICA
Texto e Edição: Giovanni Philipe
Imagens: Giovanni Philipe
Supervisão Editorial: Rostand Melo
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