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Esdras Bandeira: música, literatura e amor pela educação


Esdras Bandeira, estudante de Letras.

“Eu entrei no curso de letras, porque realmente eu penso em uma transformação social através da educação, mesmo que eu faça muito pouco por eu ser só eu, mas que eu possa fazer o que tiver ao meu alcance, isso para mim, vai ser já de grande valia.”

Esdras Bandeira, nascido em Catolé do Rocha, no sertão da Paraíba, cresceu e passou a maior parte de sua vida em uma cidadezinha do interior chamada Riacho dos Cavalos/PB. Com uma infância e adolescência marcadas pelo bullying, que nem ele mesmo entendia o porquê de tal agressão, teve uma reviravolta ao ficar mais velho o que levou a se descobrir e se entender melhor.


Na infância, o pequeno Esdras, sofria uma certa pressão dos pais por questões como o jeito que ele agia, como falava e acabava por não ter uma boa relação com eles. Mas, hoje em dia, mais velho e com entendimento maior sobre o mundo e noção de certo e errado, acabou construindo uma relação melhor com eles através do diálogo.


“Aprendi a lidar com a minha solidão e a minha solitude, coisas diferentes, e entender que nem sempre as pessoas vêm para nossa vida para ficar e que a gente está sempre nesse vai e vem, nesses ciclos que se repetem.”

Mesmo com uma infância um pouco conturbada, Esdras, aos 7, criou uma certa afinidade com a música. Com um pai tecladista e que já havia até mesmo conduzido um coral, acabou tomando gosto pelo cantar, tendo se aprofundado nele até aproximadamente seus 15 anos. No ensino médio, em meio a toda confusão adolescente, todas as desilusões amorosas, com amizades e todo esse caos, Esdras, descobriu um talento que estava adormecido, a arte de escrever as emoções. Ele começou a escrever sobre tudo o que lhe incomodava, o que acontecia ao seu redor, todas as suas percepções.


“Eu comecei a escrever e encontrei na escrita uma forma de expressar os sentimentos que estavam dentro da minha cabeça e eu não conseguia lidar, então eu acabava escrevendo sobre isso, e ajudou bastante em muitas formas.”


No ano de 2018, Esdras se formava no ensino médio, e havia acabado de fazer a prova do ENEM, com a esperança de posteriormente conseguir entrar em algum curso, pois tinha se esforçado bastante. Mas, como já diz o ditado, “tudo que é bom dura pouco” e no início de 2019 ele recebeu o resultado das provas e não tinha se saído nada bem.


Naquele momento ele teve que decidir sua vida: iria mudar de vez para Campina Grande e tentar novamente, ou iria se conformar e voltar para Riacho dos Cavalos? Se afastar da família para trilhar o próprio caminho ou permanecer com eles? Essas foram alguns dos questionamentos que ele fez no momento, mas mesmo com tantas dúvidas, tantos pontos que poderiam levá-lo à desistência, ele resolveu ficar, entrou em um cursinho e tentou novamente no ano seguinte.



Com a decisão de permanecer em Campina Grande, deu-se início a uma nova fase de sua vida, em que ele teria que se virar sozinho, com apenas o apoio dos pais que estavam longe, e o seus sonhos. “Então, foi bem difícil no começo a adaptação, como eu era de cidade pequena tinha medo constante de me perder, então eu sempre fazia alguns mapinhas no meu caderno pra poder ficar lembrando quais eram os ônibus que eu pegava pra voltar pra casa, quais eram os lados que eu tinha que pegar os ônibus[...]”.


Esdras se sentia constantemente inseguro, seja com as notas, com as pessoas e até mesmo ao pegar o ônibus, e ainda assim persistiu, passou a ver esse caminho como uma maneira de se conhecer e se entender melhor, longe de sua zona de conforto e com novas experiências.



“Entrei em um processo de autoconhecimento, porque quando você sai da casa dos seus pais, digamos assim que você tem uma nova visão de mundo, estar em outra cidade também já está outra visão de mundo sobre várias coisas[...]”

O ano de 2019, foi um ano e tanto para esse garoto de 21 anos, que veio do interior, tudo o que passou e as vivências acabaram sendo determinantes para algumas de suas escolhas. Com o final do ano chegando e com ele mais um ENEM, e a escolha do curso que seguiria batendo à sua porta, Esdras, que de início queria seguir no ramo da arte como ator, fazer teatro, teve que deixar seu sonho de lado por causa de seus pais. Pensou em seguir na área da saúde, iria tentar entrar na área da saúde, mas não era uma área que se identificava.


Cada vez chegando mais próximo das provas, ele começou a perceber seu interesse em literatura, prestou atenção na maneira que as pessoas sempre pediam para ele revisar textos e em como aquilo lhe agradava. Ele não havia pensado antes em seguir nessa área, licenciatura em letras era algo que estava distante, mas acabou se tornando bem próximo.


Mas ele achava que só gostar da área não era o suficiente para tomar uma decisão assim. Alguns de seus familiares eram formados em licenciatura, uma família de professores, não por opção, mas sim pela conveniência do momento. Esdras recorreu aos seus professores do cursinho, como ajuda para decidir se era realmente o curso de Letras que ele queria. Nessas conversas ele percebeu que sua motivação para lecionar, se tornar professor, era querer mudar o mundo pela educação, poderia ser para algumas pessoas um motivo banal, ou até mesmo algo inalcançável, mas esse motivo foi o que moveu o coração desse menino que adorava cantar e escrever seus sentimentos em um papel.


“Eu entrei no curso de Letras observando que a educação pode transformar e muito. Eu gosto de estar engajado com as causas sociais, então eu creio que estar no curso de Letras, ser professor, me ajudaria bastante nessa questão de poder ajudar pessoas, estar em contato com pessoas e transformar a nossa sociedade”


E mesmo com todo esse pensamento em transformar o mundo pela educação, Esdras ressalta que se sente livre para tentar e se aventurar também por outras áreas.


“Eu me sinto livre, sabe? Pra buscar outras áreas também e fazer outras coisas, não ficar ali somente engessado naquela visão de ser só professor. Não, eu sou uma pessoa que é plural”

Confira mais imagens de Esdras no slideshow:


 

Ficha Técnica

Redação e edição de texto: Alice Faustino

Fotografia: Alice Faustino, Marianne Lopes, Maria Clara e Natanael Alves.

Edição de Imagem: Esdras Bandeira

Monitoria: Vitória Félix

Supervisão editorial: Rostand Melo







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