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Gabriel Diniz: uma vida entre versos e poesia


Foto: Marta Paiva

Aos 27 anos, o poeta e estudante de jornalismo Gabriel Diniz esbanja talento através de declamações e improvisos. Gabriel nasceu em Campina Grande, na Paraíba, mas foi criado na cidade de Pocinhos, onde teve o primeiro contato com a poesia e a arte da declamação através dos seus familiares.

Foto: Marta Paiva

Desde criança demonstrava ter familiaridade com a memorização de histórias. Aos cinco, ganhou da avó um livro e um CD de histórias infantis e foi através desse presente que sua família começou a notar o talento do garoto que dublava tudo com facilidade. Ele escutava o cd todos os dias após a escola, memorizava a narrativa e imitava desde os efeitos sonoros até a voz dos personagens.


Criado por uma família humilde, mas totalmente rica em afetividade e contato com a cultura local e regional, ele desenvolveu uma paixão ímpar pela beleza do interior nordestino, influência do pai, Antônio Sergio, que cresceu na zona rural da cidade e por essa razão, estava sempre a levá-lo ao lugar onde nasceu, fazendo com que o pequeno Gabriel se apegasse genuinamente a vida e aos códigos do interior.


Foto: Marta Paiva

A afetividade e zelo do pai foram essenciais para o desenvolvimento de seus talentos. Uma recordação marca sua memória, quando o pai se encantou por um poema que ouviu em um CD e resolveu transcrevê-lo para que “seu menino” pudesse declamar. O que ele não esperava era que Gabriel já tivesse decorado a poesia somente ouvindo e antes do pai pedir que o fizesse.


“Meus pais foram meus maiores incentivadores, foi através da sensibilidade deles de perceberem o meu dom de memorização, que conheci a poesia. Se eles não tivessem tido essa percepção, muito provavelmente, se fosse o meu destino, eu acredito muito em partes nisso… se fosse o meu destino chegar a poesia eu chegaria, mas não da forma que eu cheguei, não no momento em que eu cheguei”.

A identificação genuína com os versos e a motivação dos pais plantaram a semente que foi regada por referências de peso. Nomes como Zé Laurentino, Chico Pedrosa, Zé da Luz, Marco Brasil, e tantos outros foram responsáveis por moldar a identidade poética do jovem.


Quando criança seu sonho era ser médico veterinário e em 2014, decidiu cursar biologia na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) em Campina Grande, já que não tinha a opção do curso dos seus “sonhos”. No entanto, a escolha foi um choque para sua família e amigos, pois todos o identificavam como alguém que, sem sombra de dúvidas, se encaixaria na área da comunicação. E de fato, não estavam errados. Depois de pouco tempo ele acabou desistindo do curso pois percebeu que a área não era a certa para si.


A experiência foi necessária para que Gabriel de fato encontrasse seu caminho. Durante o período de 2015 a 2019 sua relação com a comunicação foi se estreitando. Nesta época, recebeu a oportunidade de realizar o programa “Caráter nordestino”, nas manhãs de domingo, na rádio comunitária de Pocinhos, e prontamente aceitou.


Foto: Taynara Costa

O mundo do rádio não era novo para Gabriel, que ainda criança, foi apresentado a esse universo. No ensino fundamental, a rádio em que hoje trabalha, ficava próxima da escola onde estudava. Curioso, o garoto visitava o local para ver como funcionava. Foi em uma dessas visitas que ele recebeu o convite do radialista Anderson Lins - que já conhecia seu talento - para declamar um poema durante a exibição do programa.


Certa vez, durante uma das suas exibições na rádio, o pai gravou a apresentação e o mostrou. Percebendo a qualidade do trabalho, Gabriel decidiu gravar seu primeiro CD de poemas e contos, intitulado “Saudades do meu sítio”, no qual recitava poemas de outros artistas que o inspirava, entre eles estava o Zé Laurentino, grande referência com quem tinha contato desde a infância em reuniões familiares em sua casa.


“Eu conheci Zé ia fazer 7 anos de idade, e dos meus 7 anos até quando ele esteve presente aqui nessa passagem terrena com a gente, ele sempre foi um dos meus maiores incentivadores. Sempre foi uma das minhas maiores influências, uma das minhas maiores referências, se não a maior referência dentro do do meio poético, certamente Zé Laurentino, ele sempre buscava me encaixar em eventos para declamar poemas dele"

A atividade antes considerada um hobbie, se apresentava cada vez mais como prática profissional. O poeta então passou a se especializar na área, fez curso técnico de TV e rádio na Faculdade Paulista durante um ano e passagem por outras emissoras como a Rádio Caturité e Campina FM.

Foto: Taynara Costa


“Eu sou muito apaixonado pela magia do Rádio, digo que o rádio não vai morrer. Ele sobreviveu à vinda da TV, sobreviveu, se sobressaiu, se reinventou. [...] Ele me encantou e eu vejo muito o valor na área”

Tais experiências evidenciaram a aptidão para a comunicação e o ingresso no curso de Jornalismo aconteceu no ano de 2020, na Universidade Estadual da Paraíba. Hoje, Gabriel encontra-se no final do curso, mais um ciclo que em breve se completa. Com passagens por projetos extensionistas como Coletivof8 e Repórter Junino, ele pôde se encontrar profissionalmente e carrega consigo a certeza de que nasceu com aptidão e foi forjado para fazer e viver da comunicação.


O poeta, locutor e declamador, em breve será também jornalista e seu grande sonho continua sendo trabalhar com o que de fato ama: a poesia, onde tem o privilégio de espalhar beleza e encanto, e a rádio, ponto de equilíbrio entre sua arte e sua paixão.


Eu sou muito, sou pouco e sou inteiro

Sou metade, sou brecha e confusão

Indeciso e também sou decisão

Porta larga, sou simples, encrenqueiro

Eu sou paz, sou de casa e forasteiro

Eu sou rico de graça e sou plebeu

Sou acaso que, enfim, aconteceu

Mas, nem eu mesmo sei me discernir

Como não consegui me definir

Simplesmente vos digo: Esse sou eu.

Poeta Gabriel Diniz


Confira mais fotos a seguir:



 

FICHA TÉCNICA:

Fotografia e Texto : Taynara Costa, Marta Paiva

Entrevista: Marta Paiva, Taynara Costa

Edição: Taynara Costa

Monitoria: Isabella Souza e Vitória Félix

Supervisão editorial: Ada Guedes e Rostand Melo


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