Jhúlia Pereira: a voz que o destino escolheu
- ajhulia
- 29 de abr.
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Filha de Wanderlei Barbosa Araujo e Josilene Alves Pereira Araujo, natural do Rio de Janeiro, Jhúlia Pereira, 21, é radialista, estudante de jornalismo na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e tem formação técnica em enfermagem. Há pouco mais de seis anos vive com sua família em Soledade, interior da Paraíba, após terem sofrido com a violência que cresce cada vez mais no RJ, o solo paraibano foi o lugar onde eles encontraram aconchego depois de momentos assustadores em sua cidade natal.
Buscando sempre seu crescimento no âmbito pessoal e profissional, hoje ela não atua como enfermeira, pois mesmo com formação na área da saúde, o que faz seu coração acelerar é a comunicação. Nesta entrevista, sua vida profissional, futuro e temas importantes são retratados de forma leve e direta.
A área da comunicação sempre foi sua primeira opção?
Não, antes de conhecer o jornalismo, tinha uma grande afeição e admiração pela área da saúde, para ser mais exata, pela enfermagem. O jornalismo me escolheu de uma forma inesperada e segue me escolhendo a cada dia. Um exemplo disso, foi quando eu estava andando na rua com minha família e o dono da rádio Caruá FM 90.1, da cidade de Soledade, chegou em mim e disse que tinha uma proposta. Logo, fui surpreendida com um convite para ser a apresentadora do Conexão Caruá. Um pouco assustada por não ter experiência, aceitei o desafio. Comecei a fazer o treinamento, e o que era para durar um mês, durou uma semana, pois já tinha pegado o jeito.
"Jornalismo nunca foi uma minha primeira opção de curso, mas sempre tive essa afeição pela comunicação, o jornalismo me escolheu, e eu sigo escolhendo diariamente, e eu sinceramente, não tenho mais desejo algum por qualquer outra área que não seja o meu jornalismo."
Quando e como identificou os primeiros sinais de interesse pela área da comunicação?
Foi assim que eu entrei e consegui me adequar na área sem nunca ter contato com a prática da comunicação. Entrei e disse que iria me dar uma chance para novas situações, uma chance para o meu futuro. Até então a enfermagem era o que eu queria para minha vida, mas aí quando deixei de me privar e conhecer o jornalismo, logo pensei: aqui é o meu lugar e em menos de um mês na rádio Caruá eu descobri o meu lugar, descobri que queria continuar fazendo locução.

Hoje, o que a rádio representa para você?
A rádio hoje é uma abertura de portas, um passaporte para um mundo que está me esperando. Sou muito grata a todos os profissionais que trabalham por lá na rádio Caruá, inclusive Rogério Santos que foi aluno de Jornalismo na UEPB e fez o meu treinamento. Resumindo, a rádio é um trampolim para o meu salto.
O que mais te encanta no exercício da sua função profissional?
Com toda certeza, a acessibilidade que a rádio me propõe, de poder ter um contato com o público só pela minha voz. Eu fico muito feliz de saber que tem pessoas que me escutam, e ficam bem ao me escutar. Tem uma ouvinte que todos os dias entra em contato conosco por áudio de WhatsApp e diz que quando não está bem, ela sintoniza no meu programa e fica bem. Certa vez me falou que minha voz é como a voz de um anjo, que acalma e tira dela todos os problemas, eu fico muito feliz com isso.
"Outra vez, eu estava dentro do estúdio da rádio com a porta fechada e chegou uma ouvinte, quando ela me viu, começou a chorar e disse que o sonho dela era me conhecer, que era minha fã."
Apesar de atuar na modalidade de entretenimento na radiofonia, o radiojornalismo ou outra área da comunicação, te desperta mais interesse?
A área da comunicação tem meu coração, da mesma forma o fotojornalismo e o jornalismo cultural. A cultura é a minha base, tenho a cultura como um ponto primordial e essencial no jornalismo, pois cresci dentro do âmbito cultural. Meus avós foram sempre muito apegados à cultura, até mesmo o próprio forró. Cresci com isso, além disso, não só a música me chama atenção, mas também a literatura de cordel, a forma com que a cultura se implementa no dia a dia.

Qual o seu foco profissional? Onde almeja chegar?
Minha perspectiva de futuro é que daqui a algum tempo eu esteja formada, que as pessoas olhem para mim e me admirem como uma grande jornalista que leva a sério o seu trabalho. Quero, independente do lugar que eu esteja atuando, permanecer dedicada e levando clareza de informações. Quero que as pessoas se sintam tocadas pelo brilho que há em Jhúlia, como vovó dizia. Acho necessário mudar o dia de alguém. Quero transformar pelo menos 1% do dia de quem me escuta.
Vozes do rádio: tem alguém que você tem como inspiração? Algum ou alguma profissional em quem se espelha?
Eu cresci ouvindo a rádio FM “O Dia” do Rio de Janeiro, e por isso uma das minhas inspirações é Kelly Jorge, locutora da rádio. Ela é extremamente simpática, alto astral, uma pessoa super transparente. Ela conseguiu criar um elo com o público a ponto de sempre que não está bem, falar para os ouvintes. Então, hoje eu poderia dizer que eu não quero ser ela, mas quero ter o mesmo nível dela. Quero que as pessoas sintam em mim a mesma positividade e sinceridade que sinto nela.
Confesso que tenho também desde os 3 anos de idade, uma admiração muito grande pela apresentadora e cantora Xuxa Meneghel. Me recordo que brincava com os cabos de vassouras e com as plantas de minha mãe. Dizia que as plantas eram meus baixinhos e o cabo de vassoura era meu microfone.
Em sua opinião, qual a importância de ter uma formação em jornalismo na atuação do radialismo?
Para mim, é fundamental. Muitas pessoas julgam desnecessário ter um diploma, principalmente no radiojornalismo. A formação, nos abre fronteiras, nos alarga fronteiras. Eu cheguei na rádio com um olhar que eu só iria falar com quem estava escutando, iria colocar uma música no ar e pronto. Só que não é assim, a comunicação vai muito além de passar uma informação. A formação em si é necessária. Qualquer pessoa que deseja entrar nessa área, inclusive os blogueiros, eles precisam sim de formação, precisam sim de um diploma.

Qual a sua opinião a respeito das pessoas que exercem a função, mas não possuem formação para tal?
Eu não sou formada e ocupo espaço de um profissional formado, mas estou estudando, fazendo uma graduação porque entendo a responsabilidade que é falar ao público, levar opinião pública. Para isso estou fazendo minha base teórica, visto que já tenho a técnica. Uma técnica que ainda me dedico a aprimorar, inclusive. Tem pessoas que não tem nada e ocupam esse lugar. E já aproveito e deixo um conselho para essas pessoas, principalmente os blogueiros: tentem procurar uma qualificação. Nossa profissão é muito séria para ser feita de qualquer jeito.
O que te motiva a continuar buscando a formação no jornalismo?
O que me motiva é receber o carinho das pessoas e ver que meu trabalho está sendo feito e as pessoas estão sendo alcançadas. Quero, no futuro, estar formada e passando toda a energia com o jeitinho de Jhúlia, mas quero também me qualificar como profissional para oferecer o melhor para aqueles que dedicam algo que considero muito importante: a atenção.
Você acha que os podcasts agregam ou atrapalham o trabalho em rádio?
Eu acredito que agregue. O rádio tem uma área muito extensa, assim como a televisão. Da mesma forma que eu consigo colocar uma programação, eu consigo transmitir um podcast pela rádio. Inclusive no meu programa, Conexão Caruá, estamos com um projeto de colocar podcasts com várias personalidades, para que possa alcançar as pessoas menos favorecidas, pessoas que moram na zona rural, pessoas que têm o costume de ficar com o rádio ligado, mas que também acessam internet. Então, o podcast vem para acrescentar e não para acabar, da mesma forma que a televisão não veio para acabar com o jornal impresso.
E além da locução, tem algum projeto no radialismo, de podcast ou em outra área da comunicação?
Tenho sim. Inclusive o podcast da rádio que trabalho, quem está assinando o projeto sou eu. Um dia desses estava conversando com um amigo e dizendo que preciso fazer meu nome fora da rádio, preciso ter o nome Jhúlia Pereira sendo lembrado, visto de uma forma independente. Esse podcast, eu acredito que será o meu trampolim para isso acontecer. Eu também gosto muito da área da assessoria. Me vejo trabalhando na imprensa. Acho que tem um calor humano e eu gosto disso.

Bate bola/ Ping Pong
Jhúlia Pereira respondeu às perguntas de forma descontraída e definiu cada palavra em frases ou palavras. Confira abaixo;
Futuro - Desprender dos medos
Jornalismo - Além de profissão
Rádio - Porta aberta
Jornalismo brasileiro - Levado com seriedade, é um verdadeiro desafio. Os jornalistas precisam colocar sua opinião de forma neutra e o brasileiro em si, não consegue ser neutro em nada.
Rio de janeiro - Traumas, medos, insegurança.
Cultura - Vovô Antônio. Meu avô foi quem me ensinou o que era cultura.
Desafio - Acordar todos os dias para frequentar a universidade lutar pelo meu diploma
EXPEDIENTE
Fotografia: Jobson Melo
Texto: Jobson Melo e Jhulia Pereira
Monitoria: Briza Luiza e Ivaneide Santos
Supervisão editorial: Ada Guedes e Rostand Melo
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