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Foto do escritorMilena PF, Eduarda Gomes, Vitória Pinheiro, Thalita Mendonça

Luiz Custódio para além da vida acadêmica

"Sou um admirador do conhecimento! É um pouco da razão da minha existência, continuar divulgando conhecimento na sala de aula, isso que me dá paixão na vida".


Custódio em sua biblioteca
Foto: Milena P.F

Luiz Custódio da Silva, nascido na Área Rural do distrito de Ingá e Riachão do Bacamarte, em um sítio hoje conhecido como Torre dos Custódios é formado em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (1974), é também Doutor, Mestre, Pesquisador e uma referência para os estudos da folkcomunicação e cultura popular. Há anos integra a Rede de Estudos e Pesquisa Folkcom como diretor regional do Nordeste. É também professor titular da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), onde leciona três vezes por semana e constantemente idealiza diversos projetos relacionados à extensão universitária, recebendo o apoio de colegas que admiram sua trajetória e profissionalismo.

Filho de Severina Pedro da Silva e José Antônio Custódio, Luiz ressaltou durante a entrevista que gosta muito de falar sobre o passado e conta que na infância teve uma formação religiosa muito forte, influência das tias e da mãe, que era católica e lhe passou a devoção. Quando criança, participava dos novenários do mês de maio e gostava muito da Queima de Flores. “Minha primeira comunhão foi com Frei Damião”, revelou. A tradição religiosa lhe cerca em seu cotidiano também em sua residência, onde há um cômodo para artefatos religiosos e também de valor afetivo para ele.

Foto: Milena P.F

A estrada ate aqui:

A dedicação aos estudos veio logo cedo. No grupo escolar da área rural Abel da Silva, sua infância foi pontuada por dificuldades. A pobreza na comunidade provocada pela seca na Paraíba em 1953 o ensinou a pensar que era preciso se esforçar na vida para melhorar suas condições e da sua família. “Eu entendo que isso me ajudou a querer uma formação profissional e eu sempre me interessei pelos estudos e fui muito dedicado a isso”, lembra.


Mas a identificação com o conhecimento extrapola um contexto de condição social, era algo natural, e na busca por ele, saiu de Ingá do Bacamarte e morou em São Paulo, João Pessoa, Campina Grande e Recife, De cada uma dessas cidades guarda aprendizados e memórias afetivas. “Tem uma música de um compositor chamado Antônio Maria que diz assim: “O Recife está perto de mim”.

Seu gosto pelo cinema, pela música e pelas manifestações populares o fizeram optar por uma formação na área da comunicação. Como jornalista trabalhou em veículos importantes como Diário de Pernambuco, Rádio Olinda e Jornal da Paraíba. “Eu passava a tarde toda com um rádio embaixo do braço, voltava 5 horas com as reportagens, editava e saia correndo para a universidade. Aprendi que essa correria era o que eu queria fazer da vida”, realçando que isso lhe capacitou e abriu as portas.


Mas a rotina puxada de jornalista não foi o suficiente e junto a ela decidiu seguir a área acadêmica. Quando soube da abertura do curso de Comunicação Social em Campina Grande, em 1976, veio para a cidade e na antiga Universidade Regional do Nordeste (URNE), atual Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), iniciou como professor do curso e ao mesmo tempo ingressou no Jornal da Paraíba como chefe de reportagem.


O jornalismo é um espaço para você problematizar a construção da realidade. Quanto mais eu vou ao encontro desse processo de aprendizado, mais eu me sinto estimulado na vida, na profissão, na sala de aula, na universidade”.

Após sua passagem pelo jornal, ingressou na Sudene onde trabalhou com um projeto na área rural de Picuí. Posteriormente deixou este cargo para dar aula na universidade Federal da Paraíba (UFPB) "Fui considerado o melhor professor do semestre em um curso em que os alunos eram conhecidos por sua rebeldia contra os professores", conta orgulhoso.

Em 1980 começou o mestrado em Recife, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde conheceu Roberto Benjamin. Ao mesmo tempo lecionava na universidade Federal da Paraíba (UFPB). Fez doutorado na Universidade de São Paulo (USP), onde conheceu Cremilda Medina, José Marques de Melo, entre outros estudiosos importantes da área que contribuíram para seu desenvolvimento.Dos seus cursos de pós-graduação estavam traçados os próximos passos que iriam dar rumo definitivo a sua docência na UEPB.


E da sua paixão por livros, cinema e música, um acervo de memórias:


Em sua casa, os artefatos e decoração evidenciam sua ligação com as artes. Grande parte da vasta coleção de livros foi adquirida em São Paulo, com recursos advindos sua bolsa de doutorado. “O curso de jornalismo tem uma biblioteca de comunicação com essa quantidade de livros? Não tem!”, enfatizou o professor. Luiz ironiza que enquanto seus colegas alugavam apartamentos sofisticados com piscina, ele economizou dinheiro e ao voltar para João Pessoa, comprou uma casa com piscina.

Desde pequeno teve atração pelo cinema e mais tarde, já residente em Campina Grande, frequentava o Cine Capitólio, onde eram exibidos os grandes clássicos do cinema. Já no Cine Babilônia, outro espaço campinense para os admiradores da sétima arte, havia uma sessão chamada cine cultura, para a qual foi indicado para coordenar. “Tinha um programa na Rádio Borborema chamado Falando de Cinema e eu escrevia para o programa e ganhava ingressos para ver filmes. Chegou uma hora que eu ganhei tanto no programa que me deram um ingresso permanente”.


Sua paixão pelo cinema lhe ajudou a se encontrar profissionalmente, mesmo, hoje não tendo um envolvimento tão grande por acreditar que não existe mais cinema com uma programação artística e cultural e sim como um mero produto. Por isso mesmo, cultiva em sua sala uma grande coleção de clássicos do cinema europeu, americano e latino-americano.


professor Luiz Custódio  sentado ao lado de sua estante de filmes clássicos e discos de Maria Bethânia
Custódio sentado ao lado de sua estante de filmes clássicos e discos de Maria Bethânia. Foto: Milena P.F

Além do cinema, a música cerca seus dias desde cedo. “Sou muito agradecido a Deus que me ajudou na vida para ter certas inclinações musicais, e tendências culturais. Porque eu não nasci num ambiente cultural sofisticado, tem pessoas que já nasceram numa família culta e eu não tinha muito isso, mas eu corri atrás e fui encontrando meus espaços”.

Com diversos discos de Maria Bethânia, a quem Luiz Custódio já entrevistou, ele nos conta que é um grande admirador de música clássica e muito ligado a compositores como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Antônio Maria, Fagner, Vinicius de Moraes, e muitos outros com canções que o fascinam.


Outro símbolo desse amor pela música, um piano, compõe a decoração de sua sala. O presente dado a sua esposa Maria das Neves, que também era uma grande admiradora de música, será doado para um projeto que está desenvolvendo. Viúvo, guardará consigo as doces lembranças dela enquanto o piano alegrará outras pessoas.

Professor Custódio, como frequentemente é chamado por alunos, jornalistas e colegas docentes, atualmente vive de maneira simples e confortável, numa casa acolhedora com plantas na entrada, gatos por toda parte, obras de arte, muitos discos, filmes e livros. E claro, um arsenal poderoso de conhecimento, que adquiriu com determinação, carisma e muito estudo durante seus 73 anos. Seu grande entusiasmo continua a envolver e cativar colegas e alunos a sua volta nos seus projetos dentro e fora da vida acadêmica.


"Se você escolheu fazer jornalismo, busque entendê-lo na sua plenitude, na sua totalidade. Procure fazer um jornalismo que eduque a população! Que sirva para a população conhecer bem os problemas da sociedade, os problemas políticos, econômicos, culturais. Acho que nossa finalidade maior é compartilhar conhecimento”.

Confira mais fotos da entrevista no Slideshow:


 
EXPEDIENTE

Fotografias: Milena P.F e Eduarda Gomes

Entrevista: Thalita Mendonça, Vitória Pinheiro, Milena P.F

Produção: Milena P.F

Supervisão: Ada Guedes e Rostand Melo




























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João
Dec 22, 2024
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