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João Paulo de Castro Martins

Veja como Massilon tocou sua vida entre o talento e a vontade


Massilon Gonzaga - Foto: Jônatas Venâncio

Massilon Gonzaga de Luna, é natural de Pombal, interior da Paraíba. Com 70 anos já vivenciou muitas experiências no mundo da música e do radiojornalismo Nordestino. Atualmente é professor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Apaixonado por viver novas aventuras, sempre esteve muito disposto a encarar o que lhe era oferecido.


Essa história de identificação com a comunicação começou muito cedo, ainda em sua cidade natal, Pombal. Certa vez Massilon, no auge dos seus 12 anos, decidiu que iria participar da comemoração referente ao Dias das Mães em sua escola. Como ele fez isso? Com um poema. Mas não um poema qualquer, foi um poema pra todas as mães mortas. Algo emocionante, que o fez ser aplaudido de pé. “É aqui que eu quero ficar, é aqui”, pensou Massilon naquele dia.


Porém, dona Rosa, sua mãe, não se agradou muito da ideia. Ela, que trabalhava na casa de uma das professoras da escola do filho, ficou sabendo da história, e a coisa ficou ruim para o menino Massilon. “Então quer dizer que você me matou seu nego sem vergonha?” disse ela. Naquele dia ele levou uns “tapas”, mas aquilo o fez se sentir lisonjeado, pois cumpriu o seu papel. “Eu consegui o meu objetivo, eu fiz o povo chorar”, disse Massilon.


E foi assim que teve início sua jornada na área da comunicação. Passou a participar de todos os eventos da escola e, no ensino médio, entrou para o teatro da escola. Essas experiências facilitaram muito a sua entrada na rádio, “quando eu cheguei na rádio, eu já era locutor, eu já vinha com essa facilidade de falar em público”. Mas foi aos 16 anos que ele pisou o chão de uma rádio, sempre muito proativo, rapidamente se acertou completamente ao meio.


“Dificuldade mesmo enfrentei nenhuma, porque eu fui entrando e já fui fazendo, essa questão de sempre procurar fazer”.

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Porém, em toda jornada existem altos e baixos, e como não na vida? Massilon teve um grande problema que atrapalhou bastante sua carreira. O alcoolismo. “Eu bebia, e bebia muito, perdi vários empregos por conta de álcool” disse. A sua última demissão lhe marcou por toda a vida. José Cursino de Siqueira, diretor-superintendente por muitos anos da rádio Caturité, lhe proferiu palavras que ele nunca iria esquecer. “Você é o melhor profissional que eu tenho aqui, mas você está demitido porque você é um irresponsável” disse, Cursino, fazendo Massilon repetir as palavras. Ele repetiu, chorando.


A partir daí, Massilon refletiu e decidiu: “nunca mais ninguém vai me chamar de irresponsável”. O estopim da demissão? Massilon saiu de Campina Grande com destino a Cabedelo para narrar uma partida de futebol, durante o trajeto, consumiu bastante bebida alcoólica, e estava completamente embriagado durante a transmissão. “os gols acontecendo e eu não vi um”, relata o experiente radialista e professor. Cursino o fez refletir sobre sua trajetória e os erros que cometeu. Para Massilon, não restou outra alternativa a não ser concordar. Esse momento mudou sua vida e hoje, quando tem algum compromisso, chega com o máximo de antecedência possível. O álcool não faz mais parte da sua rotina.


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Na área do futebol nunca foi grande jogador. “Eu não tinha técnica”. Admirador de Pelé, grande fã de Zico, tinha livro, camisa, tudo do atleta, fanático pelo jogador, que marcou época no Flamengo. Porém, em 1986, Brasil e França, quartas de final da Copa do Mundo, Zico perde o pênalti que poderia trazer a classificação da canarinho. “Eu rasguei o livro, rasguei camisa, rasguei tudo, chorei que só a gota, tomei cana”, conta relembrando o episódio.


Grande incentivador do forró Nordestino, já trabalhou com várias personalidades como Amazan, os 3 do Nordeste, Trio Nordestino, Antônio Barros e Cecéu, e João Gonçalves. Ele ficava responsável por vender os shows que ocorriam na região. “São poucas as cidades na Paraíba que eu não conheço” conta. A proximidade com esses músicos lhe rendeu exclusividade, pois os grandes músicos da época tinham o costume de enviar os discos para os radialistas que tinha audiência, em primeira mão. Em Campina Grande, Massilon era um desses radialistas.


Apesar de saber tocar diversos instrumentos, como sanfona e zabumba, habilidade que veio da primeira parte da infância vivida em quilombo, sendo criado envolto a música, não se considera músico e nem um bom sanfoneiro, mesmo tendo estudado música e partituras.


“Fui assistir um show de Dominguinhos no Teatro Municipal e saindo de lá, passei mais ou menos um mês sem pegar na sanfona, com vergonha”.

Para ele, Dominguinhos tinha habilidades que não conhecia e por isso nem ousaria mais executar. Além disso, não se considera intérprete de música. “Não tenho sentimentos para cantar música romântica”, disse Massilon. Sua personalidade lhe aproximava mais do estilo de música “jocosa”. Por muito tempo, foi mestre de artes cênicas de palhaços de circos por onde viajava com sua equipe de músicos.


Foto: Victor Ferreira

Após aquela marcante demissão da Rádio Caturité, tomou rumo (passando por diversos Estados), levando apenas uma gaita, até chegar em Manaus. Em uma semana, já estava empregado em uma rádio local. Por lá, vivenciou diversas aventuras. Teve treinamento de selva. “A gente dormia em cima de pé de pau de 20 metros de altura, uma rede pendurada”, disse sobre suas experiências em Manaus. Depois de dois anos na capital amazonense retornou à Paraíba.


Depois de tantas experiências, conquistou um currículo invejável, colecionando passagens por diversas rádios. Rádio Caturité AM, Rádio Cariri AM/FM, Rádio Borborema AM, Rádio Tropical FM, Campina FM. Fundou a Rádio Arius FM,que era faixa comunitária da cidade e ainda a primeira Rádio comunitária legalizada da Paraíba.


“Você só vai ser um bom profissional se você superar seu professor”. Após, dilemas e problemas em sua vida, Massilon sugere aos seus alunos, colocar a dedicação e o esforço sobre todas coisas, bem como, aproveitar todas as oportunidades que a vida lhe dá. Assim, transformando a vida em um palco, sua voz em instrumento e você, o dono do espetáculo.


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FICHA TÉCNICA:

Edição de imagem e texto: João Paulo e Victor Ferreira

Monitoria: Vitória Félix

Supervisão Editorial: Rostand Melo


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