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Angélica Araújo, Camilla Barbosa e Eva Leite

Thielly: a estudante que canta e encanta nas ruas de Campina

Aprendeu a ler e cantar quase ao mesmo tempo. Ao som de Shirley, Aline Barros e tantos outros clássicos evangélicos, cresceu Thielly Lohane. Basta falar sobre música para um sorriso nascer no rosto da jovem de 23 anos. É natural do Pará, mas cresceu em Minas Gerais, e sempre fez da música uma válvula de escape.


A arte é inerente a cada grande passo de sua vida, e hoje, é na ruas de Campina Grande que ela canta e encanta. Apesar dessa paixão ser de longa data, surgiu mais forte aos nove anos, quando ganhou seu primeiro violão que a acompanha até hoje. Mas, cantar deixou de ser apenas um escape, para se tornar um caminho até o sonho: tornar-se médica.



Sua mãe, Leidinalva, é dona de casa, e o pai, mecânico. Por influência dos pais, Thielly e o irmão mais novo sempre foram muito dedicados aos estudos, e ainda na infância, entre brincadeiras com suas bonecas e a luta contra uma forte pneumonia, surgiu o desejo de ser médica. Em 2017, saiu de Minas Gerais em busca desse objetivo. Destino: Campina Grande, na Paraíba. Não foi fácil ficar longe da família, mas o calor e aconchego nordestino passaram a abrigar seu coração. Thielly ficou, e encontrou seu lugar.


E foi na Rainha da Borborema também que Thielly encontrou o amor da sua vida, Gabryel Rocha, com quem divide o lar e a vida desde 2019. Se casaram em dezembro de 2020, por meio de uma cerimônia virtual. Mais que esposo, ele é apoiador e incentivador de sua carreira, além de dar uma forcinha quando o assunto é redes sociais: “eu tive que inovar [em razão da pandemia da Covid-19], no fim das contas, quem colocou as coisas [conteúdos] no Instagram foi o meu esposo”, afirma ela.


Desde então, Thielly mantém um forte relacionamento com o seu público virtual. Mas, por ser um mundo completamente novo para si, revela ter se assustado no começo, com a rápida viralização dos seus vídeos nas redes sociais, mas que a troca de sentimento e histórias com seus seguidores a mantém esperançosa e motivada a conquistar cada vez mais.


“Na faculdade, tive um pensamento antes de entrar, e tive outro quando entrei. Antes, você está muito imaturo, acha que vai ser tudo às mil maravilhas, quando na verdade não é isso”, conta a estudante de Medicina, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), que fez das ruas de Campina, seu palco, de onde tira seu sustento.


No início, foi difícil conciliar o trabalho com os estudos. Por vezes precisou escolher entre cantar ou estudar, e essa rotina exaustiva lhe custou um preço. Thielly conta que teve alguns problemas de saúde como bulimia, anorexia e depressão. “Existe um estigma de você cuidar de doentes, e na verdade, ser um doente", destaca ela. Com o passar do tempo, ela colocou na balança o que desejava no futuro e escolheu priorizar os estudos: “agora está equilibrado”, afirma. Apenas quando não tem aula é que vai para a rua.



Quando começou nas ruas, tinha certeza que não daria certo. Os primeiros momentos foram de tensão e certeza de rejeição iminente. Depois de meia hora de música internacional, para sua surpresa, uma senhora se aproxima, elogia seu trabalho e lhe deixa uma pequena quantia. Foi a sua primeira contribuinte, e a estudante lembra este momento de forma carinhosa e com riqueza de detalhes.



Thielly acredita fielmente no poder da música. Apenas pelo olhar, sabe quando toca verdadeiramente os sentimentos do público que para na calçada para vê-la cantar. “Se gostou da música ou do meu trabalho, contribua com o que o seu coração pedir.” É isso que diz no cartaz que leva consigo para as ruas, junto com a caixa de som e o microfone.


“Dependendo da forma como você canta, dependendo da forma como passa para as pessoas aquele sentimento, elas vão sentir, independente da língua que você canta”, conta. E ela também sente o mesmo, quando carrega no peito inspirações como Beyoncé, e as cantoras brasileiras Iza e Anitta, as descrevendo como exemplos de força e coragem que toda mulher quer ter, ainda mais na área da música.



Além de cantar e estudar medicina, Thielly possui inúmeros hobbies. Gosta muito de estudar, não se limita apenas aos textos acadêmicos, gosta de escrever poesias, tocar violão e curte uma boa literatura. Ela também escreve músicas, mas motivada pela vergonha que diz sentir, elas estão apenas no papel, pelo menos por enquanto.



Confira mais fotos no slideshow:


 

FICHA TÉCNICA

Fotografia, produção e perfil: Angélica Araújo, Camilla Barbosa e Eva Leite

Monitoria e redes sociais: Manoel Cândido , Josineide Barbosa e Louise Viana

Revisão de texto: Ada Guedes

Supervisão editorial: Rostand Melo

Agradecimentos: Thielly Lohane e Gabryel Rocha



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